Portugal é o sétimo país da UE com a remuneração média mais baixa entre os trabalhadores por conta de outrem

Portugal é o terceiro país com maior percentagem de trabalhadores com contrato de trabalho temporário no total da população empregada, mas também tem coisas boas, como, por exemplo, uma esperança média de vida superior à média da União Europeia.

Para assinalar o Dia Europeu da Estatística esta terça-feira, 20 de outubro, a Pordata, a base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, lança o Retrato de Portugal na Europa – Edição 2020. Propondo uma leitura evolutiva e comparada entre Portugal e os países membros da União Europeia, o Retrato apresenta cerca de 80 gráficos sobre 11 áreas da sociedade: População; Rendimento e condições de vida, Educação; Saúde; Emprego e mercado de trabalho; Proteção social; Macroeconomia; Ciência e tecnologia; Ambiente, energia e território; Turismo e Justiça e Segurança.

Comecemos pela demografia. Portugal é um país de velhos. Conjuga uma elevada esperança média de vida, superior à média europeia, com a terceira mais baixa percentagem de jovens com menos de 15 anos no total da sua população residente. Está nos antípodas da Irlanda, o estado-membro com mais população jovem.

Portugal abriu muito ao exterior desde a sua adesão à antiga Comunidade Económica Europeia em 1996, mas mantém a sua característica periférica, o que juntamente com fatores de natureza económica, ajudam a explicar o seu fraco poder de atratividade, que faz com que seja um dos dez estados com menor peso de estrangeiros no total da população residente.

Já nos laços familiares é um dos países mais sólidos. Ao lado da Eslováquia e da Croácia, dois países saídos do antigo Bloco de Leste, regista a percentagem mais pequena de pessoas a viver sozinhas no conjunto dos agregados domésticos A Suécia lidera o ranking: quase seis em cada 10 agregados são compostos por apenas uma pessoa.

Na educação há problemas, que se arrastam e ampliam no mundo do trabalho. Portugal é o sétimo país com mais abandono escolar precoce, que tem como campeões Espanha e Malta. Em contrapartida, a Croácia destaca-se no lado oposto. Por outro lado, apresenta a maior percentagem de trabalhadores por conta de outrem sem ensino secundário no grupo de países considerados na análise da Pordata.

Os indicadores da Pordata revelam igualmente a fragilidade do mundo laboral português, nomeadamente em termos de vínculos e de rendimentos. Portugal é o terceiro estado-membro com maior percentagem de trabalhadores com contrato de trabalho temporário no total da população empregada, só sendo ultrapassado pela Espanha e Polónia. Além disso, é o sétimo país com a remuneração média (em PPS) mais baixa entre os trabalhadores por conta de outrem. Os trabalhadores do Luxemburgo são os mais bem pagos, ganhando mais do dobro.

Apesar da baixa remuneração média, Portugal integra o grupo dos países, ao lado da Alemanha, Espanha, Roménia e Bélgica, onde a fatura da eletricidade é mais pesada e o terceiro com maior consumo privado em percentagem do Produto Interno Bruto. Dois outros países do Sul da Europa – Grécia e Chipre – encabeçam o ranking.

A dívida é outro problema. Portugal figura em terceiro, a seguir à Grécia e Itália, na lista dos países com maior dívida das Administrações Públicas em percentagem do PIB.

Segundo o indicador de Gini, que mede a desigualdade, Portugal ocupa a nona posição entre os países com maior desigualdade na distribuição dos rendimentos. A desigualdade faz sentir-se mais intensamente na Bulgária e menos na Eslováquia, curiosamente dois países saídos do antigo Bloco de Leste.

No indicador poupança, Portugal está na sétima posição entre os 24 países da UE onde as pessoas menos amealham face ao rendimento disponível das famílias. O Luxemburgo, que regista um dos PIB per capita mais altos da União, lidera em termos de poupança das famílias.

De salientar ainda que Portugal ocupa o terceiro lugar a contar do fim no peso das empresas sem website, apenas suplantado pela Roménia e Bulgária.