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Novobanco obtém lucros de 184,5 milhões e pede 209,2 milhões ao Fundo de Resolução

O banco liderado por António Ramalho obteve os primeiros lucros desde que foi criado, após a queda do Banco Espírito Santo.
  • Cristina Bernardo/JE
9 Março 2022, 16h55

O Novobanco obteve, em 2021, os primeiros lucros desde que foi criado. O banco liderado por António Ramalho registou um resultado positivo de 184,5 milhões de euros no ano passado, o que compara com prejuízos de 1.329,3 milhões de euros. Apesar disso, vai pedir 200 milhões de euros ao Fundo de Resolução.

“2021 foi o primeiro ano de rentabilidade positiva. Um ano de marcos históricos, com o regresso aos mercados financeiros, uma nova marca e do novo modelo de distribuição. Os quatro trimestres de lucros revelam um crescimento sustentável do modelo de negócio, e em rota para alcançar os objetivos financeiros e continuar a apoiar os nossos clientes e a economia portuguesa”, afirma António Ramalho, CEO do Novobanco, citado no comunicado enviado esta quarta-feira à CMVM.

A instituição financeira justifica a evolução com a melhoria dos resultados operacionais do banco, menor nível de imparidades e provisões e pelo registo, em 2020, da perda de 300,2 milhões de euros na reavaliação dos fundos de reestruturação. O resultado (antes de impostos) ajustado de 2021 é de 282,7 milhões de euros, equivalente a um RoTE (pre tax) de 8,8%.

Neste período, o banco registou uma “margem financeira e serviços a clientes no valor de 855,9 milhões de euros, um crescimento anual de 3,3% e 3,9%, respetivamente”, adianta no comunicado, explicando que esta evolução contribuiu para “a melhoria do produto bancário comercial em mais 3,5%” face a 2020. “A melhoria da margem financeira reflete a redução das taxas médias dos depósitos, o menor custo de financiamento de longo-prazo e a manutenção da política de preços”, refere o banco.

Os resultados de operações financeiras foram positivos em 75,9 milhões de euros, “maioritariamente justificados pelo efeito da cobertura do risco de taxa de juro em 2021, apesar do impacto negativo (-73,5 milhões de euros) da operação de troca de dívida no terceiro trimestre de 2021”.

Já as imparidades para crédito foram de 149,4 milhões de euros, ou seja, menos 71,5% face 2020, e “incluem 71,8 milhões de euros de imparidade para riscos relacionados com a Covid-19”.

Os custos operativos apresentam uma redução de 5,4% face ao período homólogo, situando-se nos 408,4 milhões de euros, “que reflete, para além do investimento no negócio e na transformação digital, o foco na otimização de custos e a implementação de melhorias ao nível da simplificação e otimização dos processos, traduzindo-se numa melhoria dos rácios de eficiência do banco”, adianta o Novobanco.

O crédito a clientes (bruto) totalizou 24, 9 mil milhões de euros, o que representa uma descida de 1,1% face a 2020, naquela que é uma evolução “influenciada pela execução da estratégia de redução de créditos não produtivos (NPL)”. Em 2021, o banco vendeu 373,3 milhões de euros (brutos) em carteiras de crédito não produtivo e ativos relacionados, isto num período em que o rácio de crédito malparado desceu para 5,7%, quando se situava em 8,9% em dezembro de 2020.

Por outro lado, os recursos totais de clientes totalizavam 33,8 mil milhões de euros no final do período (+6,6% vs 2020), com os depósitos a crescerem 4,7%.

Novobanco pede mais 200 milhões de euros

Apesar destes lucros, o Novobanco refere que vai pedir mais de 200 milhões de euros ao Fundo de Resolução, tal como o Jornal Económico avançou.

“O montante de compensação a solicitar com referência a 2021, no montante de 209,2 milhões de euros (valor não considerado no cálculo de capital regulamentar com referência a 31 de dezembro de 2021), teve em conta as perdas incorridas nos ativos cobertos pelo Mecanismo de Capitalização Contingente, bem como as condições mínimas de capital aplicáveis no final do mesmo ano ao abrigo do Mecanismo de Capitalização Contingente”, indica no comunicado divulgado esta quarta-feira.

O rácio de capital CET1 do banco está protegido nos 12%, segundo o acordo do mecanismo de capital contingente, sendo necessário injetar capital quando baixa deste patamar, ainda que o banco possa apresentar um rácio inferior em termos regulatórios. Sempre que baixa deste patamar, tem de haver um reforço. No final de 2021, este rácio situava-se nos 11,1%.

Perante a possibilidade de o Novobanco vir a fazer novo pedido, o Fundo de Resolução disse ter a “forte convicção de que não seja devido qualquer pagamento” ao Novobanco relativamente às contas de 2021. Já em declarações ao jornal “Eco”, o ministro das Finanças afirmou que “não vai ser necessário a injeção. Partilhamos a perspetiva do Fundo de Resolução”.

(Notícia atualizada com mais informação.)

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