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Numa década de excelência nem tudo foram rosas em Wall Street

Seja qual for o caminho ou caminhos escolhidos para a produção de energia, é hoje quase um dado adquirido que o petróleo irá perder quota de mercado, seja na componente de produção de electricidade, como na mobilidade.
30 Dezembro 2019, 12h36

Já aqui referi que 2019 foi a todos os níveis um ano fabuloso para os Touros em quase todos os sectores, com um ganho no S&P500 que poderá atingir o melhor registo desde 1997, quando Wall Street entrava na fase final da euforia da bolha das dot.com.

Os últimos doze meses desenharam uma boa imagem do que foi a década que agora termina, igualmente inesquecível para quem investiu na subida do valor dos activos, com uma das poucas excepções a ser o sector energético, que após a corrida ascendente de quase 70% até 2014, que lhe permitiu andar colado ao desempenho do S&P500, corrigiu acentuadamente em baixa e em linha com o preço do petróleo, levando o grupo para perdas na década em 2016 e para um ganho residual de 6% no final da mesma.

Este comportamento menos positivo das energéticas poderá ser algo a repetir na próxima década, pelo menos junto das empresas presentes apenas na exploração e comércio de petróleo e seus derivados, visto que a procura terá tendência a diminuir com a generalização gradual de outros tipos de fontes energéticas, renováveis ou não, por exemplo com a utilização da energia nuclear, através da fissão e não ainda da fusão, que tem vindo a ganhar algum protagonismo um pouco à volta do globo, com um crescimento de produção por esta via desde 2012 e com planos importantes de expansão por parte de alguns países, de onde se destaca a China que tem em construção o maior número de reactores, dos 50 que estão em desenvolvimento por 15 países.

Seja qual for o caminho ou caminhos escolhidos para a produção de energia, é hoje quase um dado adquirido que o petróleo irá perder quota de mercado, seja na componente de produção de electricidade, como na mobilidade, o que a prazo afectará especialmente as tais empresas que referi, mais ligadas à exploração e comércio do “ouro negro” e seus derivados.

Isto não quer dizer que o sector não se reinvente, poderá claramente ser o caso, algumas das principais empresas estão a fazer esse percurso, contudo ainda estamos numa fase primária da transformação, uma altura complicada para aferir quais as que estarão mais bem preparadas e quais as “unicórnio”, que certamente aparecerão para disromper o mercado, as Google ou as Facebook do sector energético do futuro, porque igualmente incontornável é a premissa de que o mundo continuará a estar dependente da energia para o seu desenvolvimento.

O gráfico de hoje é do Brent, o time-frame é semanal.

 

 

Depois de ter tocado nos $82 por barril, o Brent corrigiu até perto dos $50, tendo depois entrado num canal lateral definido por estes valores e sem grandes perspectivas para que saia dele no curto prazo.

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