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Nuno Mota Pinto no Montepio com benção do BdP e Santa Casa

Nuno Mota Pinto só aceitou assumir a presidência executiva do Montepio depois de falar com a vice-governadora Elisa Ferreira e com a Santa Casa.
  • Cristina Bernardo
17 Dezembro 2017, 20h00

Nuno Mota Pinto foi convidado e já aceitou presidir à Comissão Executiva da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG). O novo presidente do Montepio iniciará as suas funções na primeira quinzena de janeiro, depois de a assembleia geral aprovar a mudança de modelo de governo do banco para um modelo monista, com conselho de administração e comissão executiva, soube o Jornal Económico junto de fonte próxima do processo.

O Jornal Económico sabe também que Nuno Mota Pinto só aceitou o convite da Associação Mutualista só depois de se reunir com Elisa Ferreira, vice-governadora do Banco de Portugal e com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, liderada por Edmundo Martinho, e desta forma ter obtido o “aval” informal de ambas as instituições. Quer o Banco de Portugal, quer a Santa Casa, acompanharam as negociações com Nuno Mota Pinto para a presidência do Montepio Geral, na sequência da mudança de modelo de governo do banco para o modelo monista. Nesse modelo, a comissão executiva emana do conselho de administração. Contactado, o Banco de Portugal não fez comentários.
O Banco de Portugal será chamado a avaliar a idoneidade e adequação (fit & proper) do novo conselho de administração do Montepio.

A Associação Mutualista confirmou ontem, em comunicado, a notícia avançada em primeira mão pelo Jornal Económico. O comunicado foi divulgado 24 horas depois do presidente da Associação Mutualista, Tomás Correia, ter sido questionado pelo jornal sobre a escolha de Nuno Mota Pinto para novo CEO do Montepio.

No comunicado, é dito que Nuno Mota Pinto assume funções “logo que, nas próximas semanas sejam cumpridos os trâmites estatutários, legais e regulamentares”.

Segundo soube o Jornal Económico junto de fonte familiarizada com o assunto, o conselho de administração do Montepio será composto por oito administradores não-executivos e sete executivos. Os nomes serão anunciados nas próximas semanas.

Toda a administração atual da Caixa Económica Montepio Geral está de saída. E Nuno Mota Pinto assume a função até agora desempenhada por José Félix Morgado.

“A escolha reúne o consenso da estrutura acionista e adequa-se ao perfil requerido para a execução da estratégia definida no sentido de dar cumprimento aos objetivos de transformação da CEMG na Instituição Financeira Portuguesa de referência para a economia social”, revela o comunicado da Associação Mutualista.

A escolha de Nuno Mota Pinto, até agora diretor executivo e membro do board do Banco Mundial, para a presidência executiva do Montepio Geral, apanhou de surpresa o mercado. Não só porque se trata de alguém que não vem da banca tradicional – o mais perto que esteve da banca de retalho foi como analista financeiro do banco de investimento do Grupo BPI -, como pela idade, pois Nuno Mota Pinto tem 47 anos.

Segundo fonte ligada ao processo, a sugestão do nome foi dada pelo advogado Daniel Proença de Carvalho.

A ligação do advogado à família Mota Pinto é antiga. O irmão de Nuno Mota Pinto, é advogado do escritório Uría Menéndez-Proença de Carvalho. Já no passado, Proença de Carvalho tinha sido o autor da sugestão de Paulo Mota Pinto para chairman do BES numa tentativa de eleger uma administração liderada por Amílcar Morais Pires, braço direito de Ricardo Salgado no BES, numa lista escolhida pela família Espírito Santo. Lista essa que acabou por cair com a entrada de Vítor Bento e posterior resolução do BES.

O comunicado da Associação liderada por Tomás Correia justifica a contratação de um novo CEO para o Montepio dizendo que tal surge “na sequência do plano da parceria de desenvolvimento da instituição financeira da economia social, que decorre do Memorandum de entendimento assinado com a SCML em Junho de 2017, torna-se indispensável a criação de condições para a sua operacionalização. Nesse sentido, os parceiros envolvidos têm vindo a dar passos importantes na concretização da estratégia anunciada”.

A Santa Casa da Misericórdia deverá formalizar o acordo, que já está fechado desde o início da semana, até ao fim deste ano.

O até agora Diretor Executivo e membro do board do Banco Mundial trabalhou na última década nas áreas de financiamento para o desenvolvimento, globalização, redução da pobreza, estratégias nacionais e desafios globais e abordagens às crises económicas e financeiras, especialmente no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional (FMI).

Licenciado em Economia pela Universidade de Coimbra, iniciou a sua carreira na banca na década de 90 e foi membro de órgãos sociais de diversas câmaras de comércio internacionais e associações profissionais e industriais. É membro do Grupo Consultivo do Departamento de Economia da Universidade de Coimbra e do Grupo Consultivo do Programa de Parceria para o Desenvolvimento da Fundação Calouste Gulbenkian.

O facto de ser do Banco Mundial pode explicar a escolha, dado que Tomás Correia quer que o Montepio seja um banco da economia social.

José Félix Morgado sai do Montepio, tal como estava pré-anunciado há largas semanas, e deixa um banco com lucros. O CEO do Montepio não esteve contactável durante o dia de ontem.

O banco vai concluir o quarto trimestre deste ano de 2017 com resultados positivos. Por outro lado “a CEMG voltou aos mercados onde já não marcava presença há mais de oito anos, alienou uma carteira significativa de NPLs, viu o rating das suas obrigações hipotecárias revisto em alta por duas agências internacionais e é hoje reconhecida como fazendo parte dos bancos portugueses de referência”, realça o presidente do banco aos seus colaboradores dizendo que os resultados “são condicentes com a missão que aceitei quando assumi a presidência do Conselho de Administração Executivo”.

Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.

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