A Covid-19 mudou radicalmente o mundo e agora a vacina promete trazê-lo de volta ao normal que outrora conhecíamos. A vacina da parceria entre a Pfizer e a BioNTech nasceu devido aos esforços do casal Ugur Sahin e Özlem Türeci.
Apesar do nome Pfizer estar a ser mais reconhecido mundialmente, a verdade é que a dupla de cientistas e empresários Ugur Sahin e Özlem Türeci é o cérebro por detrás do sucesso da vacina contra o novo coronavírus. Após a descoberta, estes médicos encontram-se entre os 100 alemães mais ricos, uma vez que o valor da empresa de biotecnologia subiu para 21,9 mil milhões de dólares (18,5 mil milhões de euros).
Sahin e Türeci são ambos filhos de imigrantes provenientes de origens humildes. O CEO da BioNTech, Ugur Sahin nasceu na cidade turca de Iskenderun e mudou-se com os pais para a Alemanha Ocidental quando tinha quatro anos. Por sua vez, Özlem Türeci, diretora médica da empresa, nasceu na Alemanha mas é filha de um médico turco.
Sahin formou-se como médico e focou o seu trabalho na investigação de imunoterapia, tendo conhecido Türeci no início da sua carreira académica. A paixão dos dois pela medicina levou a que, mesmo no dia do casamento, fossem trabalhar para o laboratório, e mais tarde fundassem a empresa Ganymed Pharmaceuticals, em 2001.
Foi nesta empresa que os dois iniciaram a investigação relativamente à possibilidade de utilizarem um código genético modificado para induzir um corpo a lutar contra o cancro e a desenvolver anticorpos contra a doença. Em 2016, o casal vendeu a empresa por 1,4 mil milhões de dólares (1,18 mil milhões de euros).
History makers! Ozlem Tureci and Ugur Sahin may have changed the course of world history. Two people can make a difference. Wow what an interesting and uplifting story. Their names will be forever remembered pic.twitter.com/tqsaEttCgd
— Dr. Maurice Duffy (@DrMauriceDuffy) November 10, 2020
Em 2008, a BioNTech já existia e o casal procurou alargar a investigação de ferramentas mais amplas de imunoterapia contra o cancro nesta empresa. De facto, foi a extensa investigação do casal relativamente à imunoterapia contra o cancro que se tornou vital para o desenvolvimento da vacina contra o vírus que está a assolar o mundo em 2020.
Já em janeiro, quando mais de metade do mundo não adivinhava como seriam os próximos meses, Sahin encontrou um artigo científico sobre o surto de Covid-19 que estava a acontecer na cidade chinesa de Wuhan. O estudo interligou as descobertas do casal relativas ao cancro, e o passo que tardou em chegar foi dado quando perceberam que o código genéticos dos medicamentos contra o cancro era semelhante ao vírus.
Dois meses depois, a BioNTech criou uma equipa de 500 funcionários para trabalharem em vários compostos genéticos, para serem os primeiros a encontrar uma cura contra o vírus, e aliaram-se à Pfizer e à Fosun para obter financiamento e novas técnicas.
De acordo com a “Reuters”, que falou com o cientista, a vacina alcançou “uma taxa de sucesso extraordinária”, mas Sahin assumiu que não sabia que esta seria uma tarefa tão difícil de executar num curto espaço de tempo. “Certamente não é algo que alguém expressaria enquanto um cientista sério, mas estava dentro das nossas possibilidades desde o início”, disse Ugur Sahin à publicação.
Estas não terão sido palavras fáceis para Sahin, uma vez que quem o conhece diz que o cientista e empresário é modesto e discreto, bem como humilde. Os seus conhecidos vão mais longe e afirmam que quando Sahin está embrenhado nas suas investigações e estas se mostram possíveis, “as aspirações estão longe de ser modestas”.
No dia em que as notícias davam conta da existência de uma vacina com a eficácia superior a 90%, as ações da empresa subiram 23,4%, refletindo os resultados positivos da terceira e última fase dos ensaios clínicos antes da empresa submeter a vacina para aprovação da FDA (Food and Drug Administration, em inglês).
Com o valor total de 18,5 mil milhões de euros, a empresa de biotecnologia tem uma avaliação quatro vezes superior ao valor da companhia aérea estatal alemã, Lufthansa, sendo que a empresa criada pelo casal se estreou na bolsa norte-americana há um ano, antes de se saber a existência do vírus.
Às 16h42, hora de Lisboa, a empresa estava a valorizar 3,15% para 108 mil dólares (91,4 mil euros).
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