[weglot_switcher]

Ugur Sahin e Özlem Türeci: quem é o casal por detrás do sucesso da vacina contra a Covid-19

Após a descoberta, os cientistas e empresários Sahin e Türeci encontram-se entre os 100 alemães mais ricos, uma vez que o valor da empresa de biotecnologia subiu para 21,9 mil milhões de dólares (18,5 mil milhões de euros).
  • Ugur Sahin E Özlem Türeci
10 Novembro 2020, 17h45

A Covid-19 mudou radicalmente o mundo e agora a vacina promete trazê-lo de volta ao normal que outrora conhecíamos. A vacina da parceria entre a Pfizer e a BioNTech nasceu devido aos esforços do casal Ugur Sahin e Özlem Türeci.

Apesar do nome Pfizer estar a ser mais reconhecido mundialmente, a verdade é que a dupla de cientistas e empresários Ugur Sahin e Özlem Türeci é o cérebro por detrás do sucesso da vacina contra o novo coronavírus. Após a descoberta, estes médicos encontram-se entre os 100 alemães mais ricos, uma vez que o valor da empresa de biotecnologia subiu para 21,9 mil milhões de dólares (18,5 mil milhões de euros).

Sahin e Türeci são ambos filhos de imigrantes provenientes de origens humildes. O CEO da BioNTech, Ugur Sahin nasceu na cidade turca de Iskenderun e mudou-se com os pais para a Alemanha Ocidental quando tinha quatro anos. Por sua vez, Özlem Türeci, diretora médica da empresa, nasceu na Alemanha mas é filha de um médico turco.

Sahin formou-se como médico e focou o seu trabalho na investigação de imunoterapia, tendo conhecido Türeci no início da sua carreira académica. A paixão dos dois pela medicina levou a que, mesmo no dia do casamento, fossem trabalhar para o laboratório, e mais tarde fundassem a empresa Ganymed Pharmaceuticals, em 2001.

Foi nesta empresa que os dois iniciaram a investigação relativamente à possibilidade de utilizarem um código genético modificado para induzir um corpo a lutar contra o cancro e a desenvolver anticorpos contra a doença. Em 2016, o casal vendeu a empresa por 1,4 mil milhões de dólares (1,18 mil milhões de euros).

Em 2008, a BioNTech já existia e o casal procurou alargar a investigação de ferramentas mais amplas de imunoterapia contra o cancro nesta empresa. De facto, foi a extensa investigação do casal relativamente à imunoterapia contra o cancro que se tornou vital para o desenvolvimento da vacina contra o vírus que está a assolar o mundo em 2020.

Já em janeiro, quando mais de metade do mundo não adivinhava como seriam os próximos meses, Sahin encontrou um artigo científico sobre o surto de Covid-19 que estava a acontecer na cidade chinesa de Wuhan. O estudo interligou as descobertas do casal relativas ao cancro, e o passo que tardou em chegar foi dado quando perceberam que o código genéticos dos medicamentos contra o cancro era semelhante ao vírus.

Dois meses depois, a BioNTech criou uma equipa de 500 funcionários para trabalharem em vários compostos genéticos, para serem os primeiros a encontrar uma cura contra o vírus, e aliaram-se à Pfizer e à Fosun para obter financiamento e novas técnicas.

De acordo com a “Reuters”, que falou com o cientista, a vacina alcançou “uma taxa de sucesso extraordinária”, mas Sahin assumiu que não sabia que esta seria uma tarefa tão difícil de executar num curto espaço de tempo. “Certamente não é algo que alguém expressaria enquanto um cientista sério, mas estava dentro das nossas possibilidades desde o início”, disse Ugur Sahin à publicação.

Estas não terão sido palavras fáceis para Sahin, uma vez que quem o conhece diz que o cientista e empresário é modesto e discreto, bem como humilde. Os seus conhecidos vão mais longe e afirmam que quando Sahin está embrenhado nas suas investigações e estas se mostram possíveis, “as aspirações estão longe de ser modestas”.

No dia em que as notícias davam conta da existência de uma vacina com a eficácia superior a 90%, as ações da empresa subiram 23,4%, refletindo os resultados positivos da terceira e última fase dos ensaios clínicos antes da empresa submeter a vacina para aprovação da FDA (Food and Drug Administration, em inglês).

Com o valor total de 18,5 mil milhões de euros, a empresa de biotecnologia tem uma avaliação quatro vezes superior ao valor da companhia aérea estatal alemã, Lufthansa, sendo que a empresa criada pelo casal se estreou na bolsa norte-americana há um ano, antes de se saber a existência do vírus.

Às 16h42, hora de Lisboa, a empresa estava a valorizar 3,15% para 108 mil dólares (91,4 mil euros).

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.