Dois temas que marcaram os últimos 15 dias foram o plano de vacinação em curso e as eleições presidenciais. O país atravessa o momento mais grave da pandemia Covid-19 e isso, naturalmente, coloca tensão em toda a sociedade, levando a um maior escrutínio das políticas públicas. Em democracia o escrutínio é sempre positivo.

As vacinas podem, no contexto da teoria económica, ser um clássico problema de escassez, mas os poderes públicos devem garantir medidas para que os mais básicos mecanismos de egoísmo não sejam uma realidade. Este é um problema que não é só nacional, basta uma simples pesquisa para compreendermos a dimensão que, em toda a Europa, esta questão alcança. É uma questão de moralidade.

Dessa forma, o plano de vacinação definido pelas Autoridades de Saúde tem de ser escrupulosamente cumprido. Qualquer cidadão que, no âmbito das suas funções, aproveite a situação para exercer o pequeno “chico espertismo” e se fazer passar a ele próprio, família ou amigos à frente, deve ser severamente punido.

Claro que todas as situações devem ser analisadas e os inquéritos devem ser feitos, porque muitas vezes podem existir factos que o justifiquem, que não sejam do conhecimento público. Contudo, qualquer opção deve ser baseada numa decisão dos decisores de saúde pública: 99,99% das situações regulares que se verificam no plano de vacinação não podem ser contaminadas por 0,01% que decidiu contornar o sistema.

O Estado deve ser implacável perante os atropelos. Num momento em que a sociedade está em sofrimento, este é um terreno fértil para os vendedores de sonhos e ilusões. Só a vacinação de cerca de 70% da comunidade pode garantir a superação da doença e a recuperação económica e social. Tenho esperança e confiança na resposta das autoridades de saúde.

Em relação às eleições presidenciais, importa, obviamente em primeiro lugar, saudar o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, que venceu em todos os concelhos do país. Importa sublinhar que a candidatura da extrema direita ficou em terceiro lugar, mesmo que pela quantidade de notícias e comentários pareça ter vencido as eleições. 88 % dos eleitores votaram em candidatos do arco constitucional e isso deve ser realçado. As duas candidaturas moderadas ficaram em primeiro e segundo lugar.

Outra nota destas eleições é o manifesto mau resultado da candidatura do Bloco de Esquerda, demonstrativo do erro desta candidatura autónoma e, simultaneamente, do voto contra no Orçamento do Estado. O resultado da candidatura liberal demonstra – mesmo estando em desacordo com quase tudo o que defende – que existe espaço político, no eixo democrático, para uma nova direita liberal.

Em relação aos resultados da extrema-direita defendo que os devemos compreender e estudar. O país tem de olhar para as desigualdades no interior do país, tem de as combater e impedir o crescimento de assimetrias. A visão da coesão está presente neste Governo, sendo a chave para combater esta realidade.

As minhas últimas palavras são para desejar saúde e força a todos os que estão a sentir as dificuldades da pandemia.