No dia 10 de maio, tive o prazer de conhecer o antigo capitão da seleção inglesa de râguebi, Lawrence Dallaglio. Para os adeptos da modalidade, é um nome que dispensa apresentações. Para mim, e para muitos britânicos – mais os ingleses, diria – é um ídolo e figura incontornável daquela seleção que, na manhã de 22 de novembro de 2003, escreveu a mais bela página da história do râguebi inglês ao conquistar o campeonato do mundo. Como jogador, ganhou tudo o que havia para ganhar e, fora de campo, é também um campeão.

Quando se retirou, em 2008, decidiu usar o râguebi para ajudar jovens com dificuldades académicas e de integração a encontrarem a sua vocação fora do ensino tradicional. A ideia teve por base a sua própria experiência de vida e a dificuldade em ultrapassar a morte da irmã num acidente de barco, em 1989. O râguebi desempenhou, nessa altura, um papel decisivo na sua vida.

Foi, por isso, um enorme prazer que nos associámos ao Cycle Slam de 2022, uma corrida de bicicleta organizada pela Dallaglio Rugby Works (DRW), a fundação criada por Lawrence para angariar fundos para os seus projetos sociais e que este ano terminou em Lisboa. Merecia uma chegada memorável e, com o apoio do MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia e o rio Tejo como pano de fundo, conseguimo-lo. Outro membro da equipa de ciclistas foi o Andrew Ridgeley, dos Wham!, um dos grandes símbolos da música e da cultura pop britânica, mais um exemplo de dedicação a causas solidárias. Vale a pena destacar também a participação de um jovem português chamado José Pereira, beneficiário dos programas da DRW.

No mesmo dia, promovemos um encontro entre o Lawrence – e toda a equipa que o acompanhou nesta dura corrida – com responsáveis da Federação Portuguesa de Râguebi, representantes de clubes, antigos e atuais jogadores e fãs da modalidade. Destaco, em particular, a presença de responsáveis das Escolinhas de Râguebi da Galiza e de São João da Talha – organizações que têm como missão apoiar a integração social de crianças desfavorecidas e combater o insucesso escolar – e da Rugby com Partilha – associação que promove a prática da modalidade em prisões de forma a reforçar a capacidade de reintegração social e empregabilidade de reclusos. São projetos em que cidadãos comuns, de forma voluntária, dão muito do seu tempo livre para ajudar o próximo através do râguebi.

A ideia foi promover a troca de impressões com responsáveis da DRW, num ambiente informal e descontraído. E desta partilha de experiências e conhecimento, espero que resultem parcerias concretas com benefícios mútuos para portugueses e britânicos, em especial para aqueles que mais necessitam. Admiro o trabalho que a DRW tem vindo a desenvolver ao longo de mais de uma década na reintegração de jovens desfavorecidos e com problemas académicos, e espero que os contactos estabelecidos neste dia deem frutos.

Sabemos que o desporto tem o poder não só de transformar vidas como de ser um veículo de mobilidade social. Mas nem todos o conseguem exclusivamente pelo mérito desportivo. Esse só está ao alcance dos mais talentosos. Estas organizações fazem-no de uma forma diferente. Desejo-lhes todo o sucesso com esta missão inspiradora.