Anthony Scaramucci teve uma breve passagem pela Casa Branca em 2017: apenas 11 dias. Um nativo de Nova Iorque, tal como Trump, foi contratado para ser o porta-voz do presidente.
“Sou apenas um rapaz italiano com um metro e 72 [cms] de Long Island”, é assim que se descreve Scaramucci, 56 anos, que conta com uma carreira de décadas em Wall Street.
Mas Scaramucci foi apanhado nas guerras internas da Casa Branca, e foi despedido depois de criticar publicamente duas pessoas chave na Casa Branca à época: o chefe de gabinete Reince Priebus – a quem chamou de “paranoico” – e o estratega Steve Bannon – a quem apelidou de vaidoso -, com ambos os adjetivos a serem acompanhados por muita linguagem vernacular.
Para chegar a este cargo, o formado em direito pela universidade de Harvard teve de esperar sete meses por uma oportunidade. Apesar de ter vendido em janeiro de 2017 a sua participação no fundo fundado por si – SkyBridge Capital -, ficou nas linhas até julho de 2017 quando assumiu o cargo como diretor de comunicação de Donald Trump, para o qual não tinha qualquer experiência.
O ex-Goldman Sachs anunciou em janeiro de 2017 que iria deixar Wall Street para ir para a Casa Branca como assessor e ponto de ligação entre o governo e as empresas. Mas passado um mês a nomeação não chegava e o New York Times noticiava que a sua entrada na Casa Branca iria demorar mais tempo.
O jornal noticiava em fevereiro de 2017 que Reince Priebus e Steve Bannon tinham comunicado a Scaramucci que não seria nomeado como responsável por fazer a ligação com o mundo empresarial. A razão apontada era que a venda da sua participação na empresa ainda não estava concluída, numa altura em que os chineses da HNA estavam a negociar a compra da SkyBridge Capital, e haviam receios sobre potenciais conflitos de interesse.
Donald Trump considerou que os comentários feitos à New Yorker tinham sido “inapropriados”, segundo as palavras de uma porta-voz, originando a sua demissão.
Saído da Casa Branca, regressou à liderança da SkyBridge Capital em 2018 depois do negócio com os chineses da HNA não ter avançado.
A partir de então, tornou-se num duro crítico da presidência de Donald Trump, apoiou Joe Biden, apesar de ter sido republicado a sua vida inteira, e previu a derrota do presidente nas eleições do início de novembro.
Depois de sair da Casa Branca, o ex-porta-voz chegou mesmo a envolver-se numa discussão com Trump nas redes sociais, onde o presidente chegou a atacar a sua esposa. Fora do mundo virtual, houve consequências, com ameaças a Scaramucci e à sua família por parte de apoiantes de Trump.
Sobre a sua relutância em conceder derrota para Biden, Scaramucci diz que Trump está a “agir como um demagogo. É muito difícil livrarmo-nos de agressores como Trump. E eles podem levar outras pessoas a fazerem coisas que não são corretas. Vocês na Alemanha já tiveram a vossa experiência com isto”, disse o empresária numa entrevista em novembro com a revista alemã Der Spiegel.
“Ele ainda nega a situação em que está [derrota]. Mas à medida que as suas feridas curam, ele vai aperceber-se que vai enfrentar dificuldades legais. Ele tem problemas com o Deutsche Bank, que exige a devolução de empréstimos, e existem alegações de violações e investigações criminais contra a organização Trump e ele próprio. Ele exagerou nos seus ativos para obter empréstimos. E ele declarou rendimentos muito baixos para reduzir os seus impostos”, afirmou na entrevista.
Scaramucci acredita que Trump vai deixar a Casa Branca “voluntariamente porque ainda vai precisar de Biden”, porque o presidente tem o poder de declarar um perdão federal.
“Ele tem batalhas legais pela frente, ele tem investigações criminais pela frente, ele vai querer arranjar um acordo para manter a si e à sua família fora da prisão”, disse Scaramucci em entrevista à Euronews em novembro.
O antigo porta-voz também criticou a forma como Trump geriu a pandemia da Covid-19. “Quando não és um grande líder e enfrentas uma crise, não vais ser capaz de ligar e/ou gerir a crise. Infelizmente, foi isso que aconteceu”.
Mas as críticas não ficam por aqui, com Scaramucci a ter chamado Trump de “louco”, “racista” ou “narcisista”, numa entrevista ao Guardian em julho, onde já previa que Trump iria perder a corrida: “Isto não é 2016, onde ele era uma entidade desconhecida e havia esta figura muito polarizadora, Hillary Clinton”.
Anthony Scaramucci vai estar hoje presente no painel da Web Summit com o tema “Será que o homem certo venceu as eleições norte-americanas?”, que arranca às 14h10.
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