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O milionário que tem cafeína nas veias

Dietrich Mateschitz, criador do Red Bull, inventou uma bebida energética que vendeu seis mil milhões de embalagens em 2016.
  • Fonte: www.porto.pt
3 Dezembro 2017, 16h00

Ninguém acreditou naquele líquido, envolto numa lata de formato estranho, que prometia energia, quando foram efectuadas as primeiras provas cegas de consumidores. Houve quem o achasse doce demais, ácido demais, diferente de mais e até quem dissesse que tinha gás a menos: as caretas foram mais de desagrado do que de satisfação – 50% das pessoas reprovou a bebida no primeiro ‘exame’. Mas o ‘pai’ da Red Bull, o austríaco Dietrich Mateschitz – e ao contrário daquilo que todos pensavam que ia acontecer – não desistiu do produto.
O austríaco não tem medo do risco: alimenta-se dele. Talvez isso ajude a explicar que este homem de 73 anos, conhecido como um ‘bon vivant’ , esteja actualmente entre os 100 mais ricos do Planeta, segundo as revista Forbes (com uma fortuna estimada em 19,9 mil milhões de dólares). Dietrich ouviu as críticas, anotou as sugestões mas deu imediatamente ordens para que a produção arrancasse. A decisão veio a tornar-se vencedora e visionária: passados mais de vinte anos dessas provas cegas à bebida, a Red Bull vendeu no ano passado seis mil milhões de embalagens em mais de 100 países, segundo a Forbes, e é uma das grandes rivais da Coca-Cola.
Pouco adepto de regras e formalidades prefere a adrenalina dos desportos radicais às complicações da vida – é capaz de percorrer meio mundo para escalar uma montanha ou conduzir um carro a 300 km/h. Tanto que a sua empresa apostou na participação em eventos desportivos à boleia quer da personalidade do fundador quer da estratégia de marketing agressiva e inovadora que também explica em muito o sucesso da marca mais temida pela concorrência.
Filho de dois professores do ensino básico, que se separaram ainda era ele criança, habituou-se desde tenra idade a viver de acordo com as suas próprias normas. O percurso escolar foi atribulado, com notas abaixo da média, e na universidade demorou dez anos a concluir um curso de cinco: Gestão de Empresas. Estava, aliás, a trabalhar como gestor numa empresa alemã quando viu a lista dos maiores pagadores de impostos do Japão – no topo estava um fabricante de bebidas energéticas – facto decisivo para se lançar neste mercado e tentar a sorte.
A sua jornada de trabalho diário é preenchida por reuniões com resultados rápidos e tomadas de decisão. Entre segunda e quarta-feira Dietrich não tem limite de horário, enquanto que as quintas-feiras são dedicadas a assuntos que ficaram pendentes nos dias anteriores. A sexta é sagrada e todos os colaboradores sabem que não aparecerá na empresa: o dia é dedicado à família – é solteiro mas tem um filho – e aos amigos. E, claro, aos desportos e diversão. À semelhança do slogan que ostenta, a Red Bull conseguiu mesmo ganhar asas e voar graças ao empreendedorismo e visão de mercado do austríaco que adora descansar em ilhas exóticas e não gosta de dar entrevistas.
A descoberta da fórmula 
Numa viagem de negócios à Tailândia, Dietrich Mateschitz descobriu uma marca de bebidas energéticas que fazia furor no país, sobretudo entre profissionais submetidos a ritmos de trabalho extenuantes: ninguém a conhecia na Europa mas na Ásia era um sucesso. Levou uma amostra do produto – depois de apurar que tinha várias substâncias estimulantes e uma dose de cafeína três vezes superior a um refrigerante normal – e arquitectou uma ideia de negócio. Para a concretizar associou-se a um investidor asiático (que, tal como ele, tem 49% do negócio) e de início cada um investiu 500 mil dólares. O maior obstáculo foi a burocracia porque ninguém queria aprovar a produção de uma bebida feita com alguns ingredientes nunca usados. Três anos depois, em 1987, chegou a licença à Áustria. Seguiram-se Inglaterra, Hungria e Alemanha.
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