Esta semana, a “The Economist” tem como tema principal o problema da natalidade e as suas consequências a nível global. Vale a pena ler os vários artigos com dados estatísticos que devem merecer a nossa reflexão. Estima-se que, até ao final deste século, o número de pessoas no planeta possa diminuir significativamente, algo que não acontecia desde a Peste Negra.

Mas comecemos por analisar o que se passa no nosso país. Portugal é um dos países mais envelhecidos do mundo e, infelizmente, sucessivos governos têm ignorado esta problemática. Portugal está a envelhecer a um ritmo muito mais acelerado do que os restantes 27 Estados-membros da União Europeia (UE), segundo dados do Eurostat. Enquanto na média da UE a população envelheceu 2,5 anos, em Portugal, o aumento foi de 4,7 anos. E a triste notícia é que o envelhecimento vai continuar a agravar-se.

Em 2022, nasceram apenas 84.000 bebés, e o saldo natural entre nascimentos e mortes foi negativo: – 40.700. Porém, é espantoso assistirmos a uma total indiferença do poder político face a estes dados oficiais. Que governante promove políticas ativas de natalidade para travar este inverno demográfico que se arrasta há pelo menos três décadas? Que sociedade é esta que tem tantas preocupações e discussões com temas fraturantes, mas que está tão pouco preocupada com os problemas demográficos e as suas consequências?

As previsões apontam que, a nível global, vamos assistir a uma quebra crescente do número de nascimentos por mulher. E estas evidências não são apenas em países como o Japão, Itália ou Portugal, mas também em geografias como o Brasil, o México ou a Tailândia. Até 2030, apenas daqui a sete anos, mais de metade dos habitantes do Leste e do Sudeste Asiático terá mais de 40 anos. Deixámos de ter um problema isolado num país, numa região ou num continente.

Hoje, a reflexão e as respostas têm de ser globais. À medida que os países vão tendo crescimento económico e as pessoas vão criando riqueza, as famílias passam a ter menos filhos. Muitos pensarão que esta tendência decorre da normal evolução e da história da humanidade, mas temos de ponderar seriamente os seus impactos e assegurar que o futuro das próximas gerações não fica comprometido.

Um elevado envelhecimento da população e uma quebra na taxa de natalidade têm como provável consequência a destruição criativa e da inovação nas sociedades, uma vez que têm menos jovens ativos. Provavelmente, vamos ter um mundo com menos jovens e uma população cada vez menor. E a redução do número de jovens que entram no mercado de trabalho vão, necessariamente, implicar uma diminuição do crescimento económico.

A redução da população terá muitos impactos em certas indústrias e em muitos governos, cujos custos sociais vão aumentar significativamente, a par da diminuição das receitas. O crescimento da despesa com pensões e cuidados de saúde será um tema cada vez mais preocupante e que pode fazer emergir um conflito intergeracional.

 

 

José Sena Goulão/Lusa
Na minha perspetiva, a recente visita do primeiro-ministro António Costa a Angola é positiva para as relações entre os dois países. Esta visita é subsequente às visitas do Presidente da República Francesa e do Rei de Espanha, que visitaram Angola nos últimos meses e que se fizeram acompanhar por delegações empresarias imponentes, com uma agenda marcadamente económica. Os governantes de Portugal e Angola devem reforçar as relações de amizade e de cooperação económica entre os dois países.