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O que muda com a pandemia

Poderão os “cisnes negros” tornar-se brancos? A questão está num artigo da seguradora Crédito y Caution.
6 Março 2022, 21h00

Uma análise do banco Julius Bar calcula que nos últimos 90 anos ocorreram 27 grandes acontecimentos com efeito disruptivo na economia e na sociedade, sendo que o evento da pandemia de 2020 ainda não está nesta estatística, e claro que também não está a crise Rússia/Ucrânia.

Em cada três anos e meio ocorre “algo” que faz mexer e “tremer as economias”, refere Miguel Vega no mais recente outlook da seguradora Crédito Y Caution (CyC). Refere ainda que os ingredientes básicos para uma crise financeira são o mar de liquidez, a inovação nos mercados de capitais, o boom nos preços do imobiliário e a liberalização financeira. Felizmente os bancos centrais têm-nos protegido e, refere a mesma fonte, “desde a Europa à China dotaram-se medidas de política fiscal e monetária que têm permitido o crescimento económico”.

Este trabalho do segurador espanhol feito antes da crise do leste europeu, cita a gestora Pictet ao afirmar que o mundo desenvolvido pode crescer 3% nos próximos cinco anos, com um impacto positivo nos EUA de 2,2% e na Eurozona de cerca de 1,2%. Refere a economista da gestora Pictet, Luca Paolini, citada no mesmo trabalho da CyC que “a lição a retirar dos últimos acontecimentos políticos e económicos é que uma recessão profunda, mas curta, é menos prejudicial para os mercados versus uma recessão longa”. Isto significa que os chamados “cisnes negros”, ou seja acontecimentos com forte impacto nas economias quando acontecem, são uma raridade. A CyC relembra que a última grande crise financeira de 2008 deixou “cicatrizes, mas também o caminho aberto a mais de 10 anos de crescimento, o maior período de expansão da história”. Relembra ainda que a saída da Grande Depressão de 1929 e da II Guerra Mundial foi feita com políticas keynesianas, ou seja, forte investimento público e desenvolvimento tecnológico com base na tecnologia militar; e lembra ainda que a crise do petróleo dos anos 70 foi debelada com uma política monetária restritiva e com uma nova consciência ambiental a nível da energia.

Tudo isto significa, na ótica dos analistas da CyC, que “as crises só podem ser passageiras”.

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