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O que não fazer no momento da entrada em bolsa: empresários dão conselhos aos investidores

Na conferência anual da Euronext “Via Bolsa”, o chairman da Vista Alegre Atlantis, Nuno Marques, o CEO da Raize, José Maria Rego, e o CEO da Flexdeal, Alberto Amaral avaliaram os fatores que podem determinar o sucesso das operações nos mercados de capitais.
20 Fevereiro 2019, 09h45

Dezembro não é o mês ideal para o sucesso da operação de uma colocação em bolsa. Foi este o conselho que o chairman da Vista Alegre Atlantis, Nuno Marques, deixou aos investidores sobre o aumento de capitais. A lição, diz, foi retirada do cancelamento no final do ano passado da operação que tinha como objetivo aumentar e dispersar mais de 17% do capital em bolsa, de forma a permitir subir para o PSI-20.

Na conferência anual da Euronext “Via Bolsa – Financiamento através do mercado de capitais”, no Museu do Dinheiro, em Lisboa, Nuno Marques dividiu o painel com o CEO da Raize, José Maria Rego, o chairman da Vista Alegre Atlantis, Nuno Marques e o CEO da Flexdeal, Alberto Amaral e com Filipa Franco, head of listings da Euronext Lisbon, para refletir sobre temas como o financiamento da economia real.

“Evitaria o mês de dezembro para a colocação [em bolsa]”, disse Nuno Marques. “O momento foi bastante difícil, coincidiu com um período mau”, acrescentou, referindo-se à operação do final do ano passado. No entanto, explicou que a outra parte da explicação reside no facto de a operação ter sido dirigida a investidores retalhistas, “mais sensíveis ao estado da evolução bolsista das empresas”.

A importância do timing foi também realçado por Filipa Franco, ainda que reconheça que também “pode fazer a diferença o mercado conhecer a empresa”.

“O momento pode efetivamente ser decisivo para o sucesso de uma operação ou não. No último trimestre com volatilidade do mercado foram canceladas várias operação. Algumas fizeram-se na Europa”, referiu, tendo destacado ainda a importância de segmentar os investidores a que a oferta estava destinada.

A head of listings da Euronext Lisbon destacou ainda que as diferenças entre o contexto atual e o contexto de algumas décadas, durante o qual existiram mais e maiores operações.

Já o CEO da Raize, José Maria Rego, identificou o facto de conseguir parceiros dispostos a fazer a operação como o maior obstáculo: “Numa primeira fase, questionaram muito a nossa opção”, recordou. “E os negócios fazem-se porque as pessoas querem. Depois houve pessoas a acreditar na operação, o que é preciso sempre”.

José Maria Raize considerou que a ideia de que “o mercado de capitais são grandes empresas acaba por limitar universo de empresas com as quais podemos atuar” e que o objetivo da Raize foi “dar uma visibilidade à empresa, que quando comparado com qualquer iniciativas, não eram tão eficazes quando comparado com a perspetiva de colocar a empresa em bolsa”.

Para o CEO da Flexdeal, Alberto Amaral, o desafio principal prendeu-se com o facto de ser a primeira SIMFE (Sociedades de Investimento Mobiliário para Fomento da Economia). “Éramos uma figura nova, éramos uma startup e tudo isso levou aquilo que foi a nossa escolha em termos de opção de mercado”.

O balanço é positivo, ainda que no essencial não tenha resultado em alterações profundas, nomeadamente em termos de transparência: “Em termos de processo não mudou muito. Esta já era a nossa forma de estar. São processos que requerem uma adaptação de vários anos”, concluiu.

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