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O último debate, com faltas de comparência, e viagens de comboio. Os momentos do quinto dia de campanha

O presidente do PSD, Rui Rio, e o presidente do Chega, André Ventura, cumpriram agenda e faltaram ao debate radiofónico que era o último agendado entre os representantes dos partidos com assento parlamentar. Mas não foi tudo, num dia em que o comboio foi estrela.
  • Jose Manuel Ribeiro/Reuters
20 Janeiro 2022, 23h32

O quinto dia da campanha eleitoral ficou marcado pela ausência, porque o presidente do PSD, Rui Rio, e o presidente do Chega, André Ventura, optaram por cumprir agenda de campanha, em vez de participarem no debate radiofónico transmitido pela Rádio Renascença, TSF e Antena 1, com representantes dos partidos com assento parlamentar. Mas não foi tudo, num dia em que o comboio foi estrela.

Como tem acontecido, o Jornal Económico destaca três momentos.

Primeiro momento

A disputa do chamado “cavaquistão”, corre acesa, de tal forma que justificou a falta de Rui Rio, primeiro, e de André Ventura, depois, ao debate radiofónico – e afinal também televisivo, com transmissão pela CNN Portugal. Estamos a falar dos distritos de Vila Real e Bragança, dois dos únicos quatro onde, em Portugal continental, o PSD superou o PS nas legislativas de 2019.

Rio esteve em Bragança, de manhã, a preparar-se para uma ação de rua, mas atento ao debate, porque acabou por responder à disponibilidade do presidente do CD-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, para ser ministro da Defesa num governo liderado pelo PSD. “É uma questão de se ver, não seria a primeira vez que o CDS tinha o Ministério da Defesa”, disse. À tarde, seguiu para Vila Real.

André Ventura teve uma arruada à tarde, em Mirandela, no distrito de Bragança, e um jantar-comício em Chaves, distrito de Vila Real.

Em 2019, o PSD venceu no distrito de Vila Real, com 39%, tendo o PS a ponto e meio de distância; o Chega obteve menos de 1%. Mas nas autárquicas, que não são diretamente comparáveis, é certo, o PSD perdeu largamente para o PS, ficando com 21%, enquanto o Chega duplicou a prestação. Em Bragança, nas legislativas, o PSD conquistou 40,8% e o Chega menos de 1%, mas nas autárquicas, o PSD perdeu para o PS, ficando com 27,5%, e o Chega foi quase aos 2%.

O Chega quer ganhar força em distritos onde o PSD domina, mas o certo é que, com o nosso sistema eleitoral, é difícil para um partido mais pequeno impor-se em círculos que elegem poucos deputados, como Vila Real, com cinco, e Bragança, com três. A tendência é a divisão entre os grandes, PSD e PS, e o que os pequenos têm podido ambicionar é fazer pender a balança para o lado contrário da sua área política, porque retirar votos ao PSD significa uma maior possibilidade para o PS ter mais deputados.

Segundo momento

Nesta quinta-feira, já terminado o debate, o regresso à campanha foi feito de comboio.

No Algarve, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, viajou de comboio entre Alcantarilha e Portimão, mas falou de pontes, criticando o secretário-geral do PS. “Faz mal em queimar todas as pontas à sua volta”, disse, reiterando a disponibilidade para “abrir as portas” de um novo ciclo.

O líder parlamentar do PCP, João Oliveira, viajou na Linha do Oeste, num comboio regional, do Bombarral até às Caldas da Rainha, mas falou também de governabilidade, exigindo uma “clarificação” ao PS sobre se está disponível para voltar a convergir com a CDU, ou seja, a reeditar a “geringonça”, nem que seja com dois lados do triângulo.

Enquanto isso, a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, apanhou o comboio em Lisboa, dirigindo-se a Beja, onde acabou por ser insultada por um grupo de pessoas ligadas à tauromaquia, incluindo forcados do grupo da cidade, mas só quando chegava ao aeroporto de Beja para uma ação de campanha. Assim, o tema foi primeiro a incivilidade, mas depois acabou por ser, mesmo, a governabilidade com a disponibilidade manifestada para integrar um futuro governo.

Terceiro momento

E Eduardo Cabrita voltou a entrar na campanha eleitoral, depois de um primeiro momento, logo no início, quando foi constituído arguido no caso do atropelamento mortal na autoestrada A6, por alegadas condutas omissivas. Esta quinta-feira, foi noticiado que o Ministério Público solicitou à Assembleia da República o levantamento da imunidade parlamentar de Cabrita, ex-ministro e agora deputado, para que possa ser constituído arguido e interrogado. Claro que esta ação teve efeitos na campanha, com António Costa a rejeitar que isto possa ter qualquer impacto na campanha, porque nota a separação entre as esferas da política e da justiça, mas foi obrigado a comentar. Assim como a porta-voz do PAN comentou a situação dizendo esperar que o pedido de levantamento da imunidade parlamentar do deputado Eduardo Cabrita possa contribuir para o “apuramento da verdade” sobre o acidente.

Um ritual que pode repetir-se em cada passo do processo.

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