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ONU preocupada com ativistas afegãs que terão sido sequestradas por talibãs

A UNAMA acredita que as duas ativistas afegãs foram sequestradas na semana passada e exige respostas numa altura em que decorrem as negociações de Oslo. Os talibã afirmam que o vídeo partilhado é falso.
  • EPA/STRINGER
24 Janeiro 2022, 14h06

A ONU reforçou hoje a preocupação com o desaparecimento de duas ativistas dos direitos das mulheres afegãs, Taman Zaryabi Paryani e Parawana Ibrahimkhel, que terão sido sequestradas pelos talibã na quarta-feira, dia 19 de janeiro, à noite.

Num tweet publicado esta segunda-feira, a Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA) afirma que “instou a liderança dos talibãs a investigar a questão e a garantir a liberdade das ativistas afegãs desaparecidas que foram sequestradas das suas casas na semana passada”. Este reforço de posição ocorreu numa reunião com o Ministério da Administração Interna afegão, Amir Khan Muttaqi.

Segundo a “Deutsche Welle”, uma das ativistas, Paryani conseguiu filmar um vídeo em que está visivelmente assustada, no que parece ser a sua casa em Cabul, enquanto homens que dizem ser do departamento de inteligência dos talibã batem à porta. De acordo com a emissora local “Aamaj News”, a afegã foi desconectada logo depois de compartilhar o vídeo nas redes sociais. Os talibã, por seu turno, afirmam que o vídeo partilhado nas redes sociais é falso.

Os atos em causa surgem poucos dias antes de a comunidade internacional, que se recusa a reconhecer oficialmente o governo talibã, ter começado negociações em Oslo, este domingo, pela primeira vez desde a tomada do poder.

As conversações destinam-se a abrir vias de diálogo entre as novas autoridades afegãs e os diplomatas ocidentais. Uma delegação talibã vai reunir com autoridades norueguesas e com representantes de vários países aliados, incluindo Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Itália e União Europeia.

O respeito pelos direitos humanos, em particular os das mulheres — condição de um possível regresso da ajuda internacional, que já chegou a financiar 80% do orçamento afegão — estará no centro destas conversações.

As negociações de Oslo já foram criticadas pela Frente de Resistência Nacional (FNR), um grupo de oposição ao regime talibã que alega que as conversações poderão “normalizar um grupo terrorista e torná-lo o legítimo representante do Afeganistão”. Na mesma linha, este domingo cerca de 200 pessoas manifestaram-se em frente ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da Noruega.

Mas, se no final do primeiro dia de negociações, o delegado dos talibã Shafiullah Azam, disse à “Associated Press” que as reuniões com as autoridades ocidentais foram “um passo para legitimar o governo afegão”, também é verdade que, mais cedo, o ministro das Negócios Estrangeiros norueguês, Anniken Huitfeldt, tinha enfatizado que as negociações “não eram uma legitimação ou reconhecimento dos talibã”.

Também no domingo, os talibã reuniram-se com membros da sociedade civil afegã, em particular com ativistas feministas e com jornalistas, mas não houve declarações sobre o assunto, de acordo com o “Politico”.

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