[weglot_switcher]

Todos os dias entram 370 mil carros em Lisboa

O número de veículos a circular pela capital aumentou para valores superiores aos que se registavam antes da crise. Em causa está a falta de alternativas mais baratas e viáveis.
28 Outubro 2016, 13h18

Depois de durante os anos da crise se ter registado uma diminuição acentuada no número de pessoas que entram na cidade de Lisboa de carro, a tendência parece ter-se invertido e entre 2015 e 2016 mais de 370 mil carros entraram na capital por dia.

Segundo avança o DN, em 2014 entravam na cidade 355 mil carros por dia, número que se estima ter aumentado para 370 mil no primeiro semestre deste ano. Quer isto dizer que, em apenas dois anos, chegaram a Lisboa mais 15 mil carros por dia.

A justificar esta tendência pode estar, de acordo com o ex-vereador da mobilidade, Fernando Nunes da Silva, “a mudança política do governo de que a austeridade tinha acabado e a degradação total da rede de transportes coletivos, seja o metro, a carris ou resto do transporte rodoviários da região de Lisboa”.

Em 2010, antes da chegada da Troika a Portugal, as deslocações de carro eram 367 500 mil por dia, um número que pode ser ultrapassado pelas previsões da mobilidade deste ano alimentado pelo sentimento de “fim de crise”. Apesar de quase todas as entradas na cidade serem portajadas, tudo indica que o carro seja uma alternativa mais barata e fiável do que a oferta deficitária dos transportes públicos.

No entanto, os ambientalistas alertam para as implicações deste aumento na qualidade do ar. O ambientalista Francisco Ferreira alerta que “voltámos a ultrapassar o número de dias permitido do valor limite diário de partículas e o ácido de azoto ultrapassou o valor horário e valor anual de limite”. Para reduzir a poluição na zona histórica da cidade, já foram decretadas proibições de circulação dos carros mais antigos e mais poluentes em determinadas áreas, mas os ambientalistas advertem que é preciso mais “para contribuir para uma cidade mais amiga das pessoas e da mobilidade”.

Segundo Nunes da Silva, é necessário se “criar uma complementaridade entre transporte público e privado que levasse as pessoas a deixar de usar o carro”. O presidente da Câmara, Fernando Medina, espera em 2017 colocar a gestão da Carris ao abrigo da autarquia, dar conclusão às obras que vão limitar as vias de circulação para carros e criar parques de estacionamento “próximos de estações de metro e de grandes vias de transporte”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.