O final do programa do BCE de compras de ativos não resultará obrigatoriamente numa subida dos juros da dívida no curto prazo. O BCE, este ano, já reduziu substancialmente o montante das compras, o que não implicou subida dos yields. Porém, ao deixar de existir um comprador importante, os preços das obrigações evoluirão mais com base nos fatores de mercado.

O BCE continuará a reinvestir montantes que recebe de juros e capital, pelo que não estará totalmente ausente. Em caso de necessidade, poderá implementar políticas que resultem em procura continuada de obrigações – por exemplo, facilitar liquidez aos bancos para que depois a apliquem em dívida pública.

Os altos níveis de endividamento e o crescimento económico lento provocam receios legítimos para o médio prazo, mas a responsabilidade é dos países e não do banco central. Por exemplo, o BCE continuou a comprar títulos de Itália este ano e isso não impediu a subida das taxas em secundário devido a riscos de derrapagem orçamental.

O BCE deverá continuar a trabalhar em prol da estabilidade da UEM, tentando evitar ou mitigar os efeitos de “crises de dívida”, mas isso não significa que seja sempre o comprador de último recurso.