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Pablo Forero: “Acreditamos que o BCE vai exigir um rácio de capital mais baixo ao BPI este ano”

O BPI anunciou ainda a venda este ano de uma carteira de crédito a empresas no montante de 200 milhões de euros.
  • Cristina Bernardo
23 Outubro 2018, 18h43

O presidente executivo do BPI disse que espera que o rácio de capital resultante do exame SREP, Supervisory Review and Evaluation Process (processo de análise e avaliação para fins de supervisão),  seja mais baixo.

No entanto disse que “não temos a certeza de quando vamos receber a carta do BCE com o SREP. Estamos em conversações com o BCE e parece que este ano será mais tarde do que o costume”, disse o CEO. O exame SREP costuma realizar-se entre outubro e novembro.

O BPI apresentou em setembro um requisito de capital no âmbito do SREP de 8,75%. O banco registou um rácio de capital Common Equity Tier 1 de 13,1%, 0,8 pontos percentuais acima do rácio de dezembro. O rácio de capital total ficou nos 14,8%, quando em dezembro tinha sido de 14%. Em ambos os casos, os dois rácios são superiores aos mínimos exigidos pelo supervisor.

Pablo Forero diz que “esperamos ter um requisito de capital, ao nível do Pilar II, mais baixo. As nossas expectativas são positivas, todos os dias estamos melhores, os rácios de capital e liquidez todos os dias estão a tornar-se mais fortes”.

O presidente do BPI disse que preferiu reforçar os rácios de capital e que, por isso, como aliás foi decidido em assembleia geral, não haverá este ano uma distribuição de dividendos.

O banco anunciou um rácio de exposição a ativos problemáticos (Non-Performing Exposures) de 3,8% em setembro, que é dos mais baixos do sistema. “A elevada qualidade da carteira de crédito permitiu reversões de imparidades no valor de 10 milhões de euros. Adicionalmente recuperaram-se 18 milhões de euros de créditos anteriormente abatidos ao ativo. Assim, o custo do risco de crédito, medido pelas imparidades líquidas das recuperações de crédito anteriormente abatido ao ativo, desceu para -28 milhões de euros nos nove meses do ano”.

O presidente do BPI anunciou ainda a venda de uma carteira de crédito a empresas sem garantias no valor de 200 milhões de euros, até ao fim do ano.

Sobre os imóveis obtidos por dação em cumprimento, o BPI diz que tem ainda 48 milhões de euros de imóveis em balanço para vender.

Nos nove meses “vendemos cerca de 300 imóveis por um montante a rondar os 26 milhões de euros, com uma mais valia de 2,8 milhões”.

Melhoria do rating agrada a Pablo Forero

O presidente do BPI elogiou a saída de Portugal do rating lixo pela Moody’s. A crise financeira já é uma coisa do passado, por isso é que isto é importante”, adiantou Forero.

A 16 de outubro a agência de rating Moody’s reviu em alta o rating do BPI. O rating da dívida de longo prazo do BPI subiu em dois níveis e o Outlook é estável. Forero diz que “temos de ficar muito contentes”.

Pablo Forero falou ainda da exposição do banco à dívida pública italiana no dia em que Bruxelas chumbou o Orçamento de Estado de Itália . Neste momento, o BPI tem 686 milhões de euros de dívida pública italiana de curto prazo (inferior a três meses). Tem ainda dívida espanhola de curto prazo em carteira de mil milhões e portuguesa no valor 1.700 milhões de euros.

O CEO do BPI durante a apresentação de resultados do terceiro trimestre garantiu ainda que o BPI vai continuar a ser um banco de direito português, “não é nem será uma sucursal do CaixaBank”.

Sobre os acordos com a Allianz Portugal, Pablo Forero esclareceu que não foram alterados e que se mantêm. Estes acordos, assinados em maio, estipulam que o fornecimento de seguros de ramos não-vida está garantido até 2028 e que os seguros de ramos vida serão fornecidos até 2020. O BPI mantém também os 35% que detém na Allianz Portugal.

O CEO do banco detido em mais de 95% pelo CaixaBank reforçou que está em curso o pedido de autorização de abertura do CaixaBank Consumer Finance que irá desenvolver a atividade de crédito ao consumo em pontos de venda.

Questionado sobre o facto do Novo Banco ir pedir ao Fundo de Resolução mais 726 milhões de euros (o Estado já contabilizou no Orçamento de 2019 mais 850 milhões para este efeito), Pablo Forero disse que não altera a contribuição de 20 milhões de euros anual que o BPI terá de fazer para o Fundo de Resolução nacional. No limite, o que poderá sofrer alterações futuras será a extensão do prazo destas contribuições anuais, mas não o seu montante.

Pablo Forero voltou a reforçar que o BPI Banco de Investimento e o BPI Private Equity serão integrados no banco BPI. “Queremos amortizar as licenças bancárias”, disse o banqueiro. Até ao fim do final do ano falta vender a atividade dos cartões de crédito.

Por fim, Forero considerou que as recomendações feitas pelo Banco de Portugal no sentido de apertar a malha do concessão de crédito são positivas.

(Atualizada)

 

 

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