O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) deixou um aviso claro sobre a desigualdade no acesso às vacinas contra a Covid-19.
“Já foram administradas mais de 39 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19, em 49 países de altos rendimentos. Mas apenas 25 foram dadas num país de baixos rendimentos. Não são 25 milhões, nem 25 mil. Apenas 25 doses”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, na abertura da reunião do conselho executivo da OMS, esta terça-feira.
Face a esta realidade, o responsável lançou um alerta: “Preciso ser honesto. O mundo está à beira de uma falha moral catastrófica e o preço dessa falha vai ser pago nas vidas dos países mais pobres”, cita a “CNBC”, as declarações do diretor-geral.
Em causa está a desigualdade no acesso à saúde, que se tornou transparente na crise da Covid-19. Os países ricos, com capacidade para firmarem contratos com as grandes farmacêuticas para encomendarem antecipadamente muitos milhões de vacinas contra o novo coronavírus, esgotaram a capacidade de produção das farmacêuticas. Esta procura elevada, e o fraco poder de compra, bloqueou a tentativa de encomenda dos países mais pobres, e segundo alguns cálculos, algumas nações poderão ficar privadas destes fármacos até 2024.
Estes países depositam grande parte das suas expectativas na iniciativa global COVAX, posta em prática pela OMS, a Aliança GAVI e outras organizações internacionais dedicadas à promoção da vacinação. O programa pretende distribuir pelo menos dois mil milhões de doses até ao final de 2021 de forma a imunizar 20% das pessoas mais vulneráveis em 91 países pobres, principalmente em África, na Ásia e na América Latina.
Embora considere que o desenvolvimento de uma vacina um ano depois do surgimento dos primeiros casos de Covid-19 em Wuhan, na China, tenha sido uma “conquista impressionante e uma fonte de esperança muito necessária”, Tedros Adhanom Ghebreyesus acrescentou que “não é certo que adultos mais jovens e saudáveis nos países ricos sejam vacinados antes dos profissionais de saúde e idosos nos países mais pobres”.
Por isso, deixa uma sugestão aos países que acumularam milhões de doses: porque não partilharem algumas com os países mais pobres, através da iniciativa COVAX, depois de terem vacinado as suas populações prioritárias, trabalhadores da saúde e pessoas mais velhas?
“Ainda não é tarde demais. Apelo a todos os países para que trabalhemos juntos para garantir que, nos primeiros 100 dias desde ano, a vacinação dos trabalhadores da saúde e das pessoas mais velhas possa iniciar-se em todos os países”, reforçou. “Haverá vacinas suficientes para todos, mas agora temos que trabalhar juntos como uma família global para prioriza aqueles com maior risco de doenças graves e morte em todos os países”, continuou.
Assim, o representante da OMS convocou os países mais ricos que encomendaram milhões de doses de vacinas contra o coronavírus, como os Estados Unidos, o Reino Unido e a Europa, a partilhar uma parte dessas vacinas com a COVAX, para que ela possa redistribuí-las para os países mais pobres.
As nações mais ricas foram acusadas de “acumular” mais vacinas do que precisam, embora o fornecimento destes fármacos ainda esteja nos seus primeiros dias, já que as iniciativas de inoculação em massa – que começaram em novembro, em alguns países, e dezembro na Europa – ainda estejam principalmente no seu primeiro estágio de distribuição.
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