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Paulo Macedo: “Bancos portugueses têm de absorver o custo da República na emissão de dívida regulatória”

Na mesa redonda dedicada ao estado da banca, na conferência anual de banca, mais uma vez organizada pelo Económico e pela PwC, Paulo Macedo, na sua intervenção, pediu tempo. Tempo para emitir MREL por imposição regulatória e tempo para diminuir o crédito malparado.
29 Novembro 2017, 14h06

Paulo Macedo participa no Fórum Banca 2017, do Jornal Económico e da PwC, na mesa redonda subordinada ao tema “O Estado da Nação da Banca”, com os presidentes executivos dos bancos BCP, Novo Banco, Montepio Geral e Caixa de Crédito Agrícola, e decidiu abordar a questão da emissão da dívida “bail-inável”. O Mecanismo Único de Resolução deverá divulgar os requisitos mínimos de fundos próprios e passivos elegíveis (“MREL”) no início de 2018. Devemos por isso assistir a uma massiva emissão destes títulos de dívida a nível europeu.

O presidente da CGD falou para uma plateia que tinha na primeira fila a vice-Governadora do Banco de Portugal, Elisa Ferreira, e chamou a atenção para o facto dos bancos portugueses irem para o mercado em desvantagem com os pares europeus. Pois se as exigências forem semelhantes para os diferentes bancos concorrentes, os bancos portugueses vão emitir as obrigações MREL tendo que incorporar o custo da dívida da República, de 150 a 180 pontos base, e portanto com juros acima dos congéneres europeus. Posto isto Paulo Macedo faz um apelo ao regulador “a questão do tempo (que terão para emitir essa divída) vai ser muito importante”.

Sobre a evolução da banca para o digital, Paulo Macedo diz que a CGD “quer estar onde o cliente quer estar” e que a “Caixa vai investir significativamente nesta área”.

Paulo Macedo expôs aquilo que poderá acontecer à banca no contexto de convívio com as Fintechs.

As Fintechs têm menos custos, porque não têm uma base de capital, nem rácios de capital para cumprir e como tal podem operar com um custo muito reduzido. Isso, diz Macedo,” é um desafio para a banca”. Mas, realçou o banqueiro, “as Fintechs fogem dos depósitos como o diabo da cruz, porque para darem depósito tem de estar sujeitos às regras regulatórias e a requisitos de capital, logo os depósitos ficam para a banca”. “Neste momento as Fintechs não têm capital, não têm rácios e para já também não têm clientes”, disse ironicamente.

Paulo Macedo afirma-se a favor das Fintechs, na medida que acelera a evolução da prestação do serviço ao cliente a baixos custos.

Ao nível da reestruturação a CGD tem um plano para cumprir até 2020. Paulo Macedo focou-se na evolução dos últimos 10 anos da rentabilidade do sistema. “O maior desafio corresponde às imparidades e à quebra da margem financeira. Mais de 2.000 milhões de euros foi transferido para as famílias e empresas. Os bancos compensaram com aumentos de eficiência”, disse.

Paulo Macedo lembrou que os clientes não se querem relacionar com quem cobra custos altos.

A CGD tem crédito de 30 mil milhões de euros de crédito a médio e longo prazo. O crédito a curto prazo tem de ser recuperado, defendeu o banqueiro

Sobre o crédito malparado, os banqueiros foram questionados sobre o papel da plataforma que une a CGD, o BCP e o Novo Banco. Paulo Macedo disse que a CGD teve um papel muito activo na criação da plafatorma, “no próximo ano haverá novidades”, anunciou.

“O principal contributo da plataforma é o facto de se chamar as empresas viáveis. É positivo mas a maior parte do esforço continuará nos bancos”, disse o presidente da CGD que admitiu que “a medida é positiva mas que terá de ser testada para mostrar as suas virtualidades”.

Os bancos portugueses têm um elevado nível de NPE (terminologia que abrange o crédito improdutivo) – no debate António Ramalho do Novo Banco realçou o problema da guerra semântica ao nível da regulação para designar o crédito problemático. Paulo Macedo explicou que o elevado peso de NPE comparado com os bancos europeus, reflete-se no rating dos bancos. “Mas a venda acelerada de NPE provoca uma transferência de valor ou mesmo uma destruição de valor”, lembrou o presidente da Caixa que mais uma vez pediu tempo, para fazer a redução do malparado.

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