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PCP alerta para “instabilidade social” caso OE2021 não responda aos problemas nacionais agravados pela Covid-19

O líder comunista alerta que os “dramas sociais” vão aumentar devido à pandemia da Covid-19 e exorta o Governo a “valorizar salários e dos direitos”. E avisa: PCP não está disponível para negociar com quem “ameace com crises políticas” sem apresentar propostas concretas para os problemas nacionais.
  • Mário Cruz/LUSA
29 Setembro 2020, 15h46

O secretário-geral do Partido Comunista (PCP), Jerónimo de Sousa, afirmou esta terça-feira que, se não forem apresentadas respostas para os problemas estruturais do país no Orçamento do Estado para 2021 (OE2021), a instabilidade social será inevitável. O líder comunista alerta que os “dramas sociais” vão aumentar significativamente devido à pandemia da Covid-19 e exorta o Governo a “valorizar salários e dos direitos”.

“Se não se encontrarem respostas concretas [para os problemas sociais], pode-se conseguir toda a estabilidade política, mas a verdade é que instabilidade social e os dramas sociais no nosso país vão aumentar significativamente. É contra isso que nos debatemos”, afirmou Jerónimo de Sousa, a propósito das negociações do OE2021, em declarações à margem da iniciativa que assinala os 50 anos da CGTP-IN, em Lisboa.

Jerónimo de Sousa disse que uma das “vantagens” de andar na política “já muitos anos” é a de saber que “sempre que a estabilidade política foi transformada num valor absoluto, os resultados foram desastrosos”. “Por isso, é que, no nosso ponto de vista, essa estabilidade alcança-se dando resposta no plano imediato e, naturalmente, num plano mais de fundo”, salientou, enumerando o aumento dos salários como uma medida prioritária.

Apesar de reconhecer que que a pandemia veio obrigar a adoção de medidas excecionais, Jerónimo de Sousa defende que isso “não invalida a necessidade de recuperar uma tese central destes últimos anos que vivemos”: ao contrário do que muitos diziam, “foi a valorização dos salários e dos direitos que levou – além da melhoria das condições de vida, naturalmente – ao aumento do poder de compra, ao desenvolvimento do mercado interno e da economia”.

“Foi uma lição e um ensinamento que infelizmente parece que estar esquecido neste momento”, lamentou.

O secretário-geral comunista garantiu ainda que o PCP tem procurado dar a sua contribuição para a proposta orçamental, “sem nenhuma reserva mental”. Apesar de considerar que as negociações estão ainda “numa fase muito preliminar”, Jerónimo de Sousa deixa desde já um aviso: “não acompanhamos aqueles que em vez de procurarem as respostas para os problemas nacionais, dos trabalhadores e do povo, ameacem com uma crise política”.

Caso não haja acordo quanto ao Orçamento e o país tenha ser gerido em duodécimos, o líder comunista diz que “será sinal de que o Governo não atendeu as justas reivindicações a aspirações concretas e ao próprio interesse nacional”.

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