PCP determinado em integrar Novo Banco no setor público

Os comunistas consideram que “nenhuma venda do Novo Banco pode salvaguardar o interesse do povo e do país” e só a sua integração na esfera pública servirá de “alavanca” para a economia, desde a privatização do BES, em 1992.

O Partido Comunista Português (PCP) garantiu esta quinta-feira em comunicado que vai lutar contra a formalização do processo de venda do Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star, prevista até ao final desta semana. O líder do partido, Jerónimo de Sousa, acredita que a melhor solução para o banco de transição dos ativos “menos problemáticos” do Banco Espírito Santo (BES) passa pela sua integração na esfera pública e exige uma “clara atitude de rejeição” dos preceitos da União Europeia (UE).

No comunicado enviado às redações, o PCP afirma que “nenhuma venda do Novo Banco pode salvaguardar o interesse do povo e do país”. “Só a sua integração no setor público bancário pode salvaguardar a estabilidade do sistema financeiro e a afirmação do interesse nacional, recuperando uma alavanca fundamental da economia, que havia sido perdida com a privatização do BES, em 1992”, explica.

Os comunistas adiantam que “independentemente da forma que o processo de venda venha a tomar”, não vão abrir mão dos “instrumentos parlamentares” para alcançar o seu objetivo de integrar o Novo Banco no sistema público bancário, tal como acontece com a Caixa Geral de Depósitos.

“A intervenção do PCP continuará a ser determinada pelo objetivo, não de favorecer a liquidação do Novo Banco, mas de assegurar a sua integração no sector público bancário, o que exige também uma clara atitude de rejeição e enfrentamento das exigências da União Europeia [que exige que o Novo Banco seja vendido até ao verão deste ano]”, pode ler-se no comunicado.

Até agora as várias propostas da bancada comunista de nacionalização da banca, particularmente do Novo Banco, tem vindo a ser chumbadas. Desde fevereiro que o Governo está em negociar a venda do Novo Banco com o fundo norte-americano Lone Star, que terá tomado a dianteira depois do fundo chinês Minsheng não ter conseguido apresentar provas de como conseguiria pagar o montante oferecido.

O PCP sublinha ainda que “os actuais problemas do Novo Banco são inseparáveis das opções políticas e responsabilidades quer do Governo PSD/CDS quer da UE”.

A bancada comunista aponta ao dedo ao antigo Governo da direita dizendo que “ao mesmo tempo que mentiam aos portugueses sobre uma suposta inexistência de custos da resolução, determinavam a nacionalização do prejuízo para proceder à limpeza do balanço do Banco e à posterior entrega do Novo Banco a um qualquer grupo económico”. E acrescenta: “os custos da operação estão hoje à vista e recaem sobre os portugueses”.

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