O Tesouro vai lançar novas obrigações dirigidas a investidores de retalho, a partir desta quarta-feira. A sexta emissão de Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), um instrumento do Estado para aforradores particulares, é a menos rentável de sempre e, pela primeira vez, a Deco desaconselha a subscrição. Quanto a outros produtos de poupança do Estado, o diagnóstico é semelhante: são pouco atrativos.
As novas OTRV têm maturidade em dezembro de 2022 e o juro pago semestralmente a 5 de junho e 5 de dezembro de cada ano, é calculado a uma taxa de juro variável e igual à Euribor a 6 meses acrescida de 1,1%, segundo a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP).
“Não recomendamos a subscrição. Aliás, é a primeira emissão de OTRV que não recomendamos”, explicou o economista da Deco Proteste Investe, António Ribeiro. “É a sexta e o rendimento tem vindo sempre a decrescer: é bastante baixo e proporciona um rendimento líquido de 0,8%”.
As OTRV foram criadas pelo Estado em março de 2016, altura em que a taxa de juro bruta era de 2,2%, tendo caído em agosto desse ano para 2,05% e em novembro para 2%. Este ano, em abril, o IGCP oferecia 1,9% e em julho 1,6%. Ainda assim, em todas as anteriores emissões a taxa de juro bruta foi superior à da nova emissão.
“Depois há outro fator: a subscrição destes instrumentos é paga e as comissões dependem do preçário de cada banco”, lembrou o economista. A rentabilidade das obrigações é medida retirando o valor dos impostos (28%) e das comissões, que são estabelecidas pela instituição financeira e fixas, o que significa que acaba por ser, proporcionalmente, mais caro investir menos.
Ainda assim, a subscrição é possível até dia 28 de novembro. O IGCP espera emitir 500 milhões de euros em OTRV, mas poderá aumentar o valor até dia 21 de novembro, caso a procura o justifique. O mínimo de subscrição por investidor, referente a uma OTRV, é de mil euros, enquanto o máximo é de um milhão de euros, ou mil OTRV. As ordens têm de ser transmitidas em múltiplos de mil euros e subscritas junto de uma instituição de crédito.
Nenhuma das aplicações do Estado é atrativa
Além das OTRV, o Tesouro lançou recentemente outros produtos de poupança. No final de outubro, surgiram os Certificados de Tesouro Poupança Crescimento (CTPC), que substituem os Certificados de Tesouro Poupança Mais e no início do mês foi lançada uma nova série de Certificados de Aforro, a primeira unicamente digital.
Os CTPC são emitidos por prazos de sete anos e têm uma remuneração alinhada com as taxas de juro da República, bem como um prémio está associado ao crescimento do país. O valor nominal de cada unidade é de um euro, o mínimo de subscrição é de mil unidades e o máximo por conta de tesouro um milhões de unidades. Cada subscrição vence juros com uma periodicidade anual (sem capitalização de juros) e o resgate só é possível um ano após a data-valor da subscrição.
Já nos novos Certificados de Aforro da série E, podem ser investidos entre 100 e 250 mil euros a 10 anos, com juros que refletem os valores da Euribor a três meses nos 10 dias úteis anteriores, acrescidos de 1%. Os juros de cada subscrição vencem a cada três meses, no dia correspondente ao da subscrição, sendo que existe um prémio de permanência.
A Deco fez a simulação para um investimento a cinco anos em qualquer uma das três aplicações do Estado, supondo que a Euribor se mantém, e concluiu que as “três aplicações do Estado rendem o mesmo”, ou seja 0,8%.
“Já não recomendávamos os Certificados de Aforro há muito tempo, os novos Certificados do Tesouro Poupança Crescimento também não recomendámos e agora as OTRV também não”, afirmou o economista. “Até os melhores depósitos existentes no mercado são mais atrativos. Até com uma subida muito otimista da Euribor, as aplicações do Estado são menos interessantes que os melhores depósitos”.
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