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Pereira Coutinho negoceia venda da SIVA à Volkswagen

As negociações apontam para um desfecho em setembro. A SIVA, devido à frágil situação financeira da SAG, não consegue importar carros Volkswagen.
11 Agosto 2018, 16h00

A Porsche Holding Salzburg, a maior distribuidora europeia de automóveis, detida a 100% pela fabricante alemã Volkswagen, está em negociações avançadas para passar a distribuir diretamente em Portugal as marcas que hoje são importadas e distribuídas pela SIVA, detida pela holding portuguesa SAG GEST – Soluções Automóvel Globais, apurou o Jornal Económico. A SAG é detida por João Pereira Coutinho.

A SAG, dona da SIVA, está em negociações com a Porsche Holding Salzburg para lhe vender a importadora portuguesa que distribui as marcas Volkswagen, Audi, Skoda, Lamborghini e Bentley. O negócio deverá ficar fechado em setembro, segundo soube o Jornal Económico.

As conversas que existem entre o grupo de João Pereira Coutinho e a Porsche Holding austríaca, têm a finalidade de encontrar uma solução para os problemas financeiros com que se depara a SAG e consequentemente a subsidiária SIVA.

Contatada, a SIVA disse que “não temos comentários a fazer”. Neste momento, ainda não está fechada a forma como a subsidiária da Volskwagen da Alemanha irá entrar no grupo de João Pereira Coutinho, uma vez que as negociações ainda estão a decorrer e a operação de venda ainda não está concluída. Por isso, não foi possível apurar se em causa estará a venda da SAG (no todo ou em parte) ou se apenas a venda da SIVA.

Na hipótese de compra da SAG, a Porsche passará, para além da SIVA, que importa a marca Volskagen, a deter também a concessionária Soauto, que incorpora as várias concessões automóveis da marca Volkswagen, pertencentes ao Grupo SAG.

Em cima da mesa poderá ainda estar a manutenção por parte da SAG, e de João Pereira Coutinho,  de uma participação minoritária da SIVA, explicou ao Jornal Económico fonte conhecedora do processo.

O Grupo SAG depara-se com uma situação financeira crítica, o que tem afectado a atividade da SIVA que, por falta de liquidez não consegue importar automóveis suficientes para responder à procura. O que tem deixado os compradores nacionais de automóveis da marcas importadas pela SIVA em longos meses de espera, sem perspetiva das datas para a entrega dos veículos. Há situações de clientes que já sinalizaram os carros e continuam há espera desde o início do ano, soube o Jornal Económico.

A situação da SIVA (único importador dos carros Volkswagen, Audi e Skoda) é nesta altura muito delicada e afeta toda a cadeia de valor.

Sempre que um concessionário português precisa de encomendar por exemplo um Volkswagen à distribuidora, a SIVA sinaliza a encomenda junto do fabricante que o despacha por contentor para Portugal. O carro permanece nos portos alfandegários até que a SIVA liquide o automóvel. O que tem sido frequente é os automóveis ficarem retidos nas alfândegas. A situação não afeta apenas os clientes dos concessionários, mas também os trabalhadores destes, que só ganham à comissão aquando da entrega do carro ao cliente.

Fonte familiarizada com o assunto, diz que a SIVA, que sempre foi rentável, foi afetada pela frágil situação financeira da SAG, que no primeiro trimestre deste ano apresentou um EBITDA negativo de 3,6 milhões de euros, e resultados líquidos consolidados negativos em 6,7 milhões de euros, que compara com o valor de 0,4 milhões de euros no mesmo período de 2017. O valor da dívida líquida consolidada ascendeu a 135,5 milhões de euros, o que compara com 125,2 milhões de euros em 31 de Dezembro de 2017 .

A SAG tentou em abril realizar uma reunião em assembleia geral da sociedade para deliberar a perda da qualidade de sociedade aberta, mas acabou por retirar a convocatória porque não conseguiu encontrar um único acionista disponível para adquirir, “no prazo de três meses após o deferimento pela CMVM, os valores mobiliários pertencentes às pessoas que não tenham votado favoravelmente a deliberação da assembleia”, conforme dita a lei.

A atual situação financeira da SIVA, tradicionalmente a subsidiária mais rentável do Grupo SAG, tem origem nos investimentos da SAG que acabaram em elevadas perdas.

A SAG levou a cabo alguns negócios que acabaram por afetar a tesouraria da SIVA. Entre estes investimentos, está a empresa de rent-a-car, Unidas, no Brasil.

Incapaz de fazer face a todas as despesas, a SIVA tornou-se financeiramente incapaz de importar tantos automóveis Audi, Volkswagen e Skoda como anteriormente.

Segundo as mesmas fontes, até há algum tempo, esta situação era mitigada pelas garantias bancárias que a SIVA tinha na Alemanha, mas a linha de crédito ter-se-á esgotado.

O colapso financeiro e operacional da SIVA tem efeitos colaterais nos concessionários de automóveis portugueses, sublinharam as mesmas fontes contactadas pelo Jornal Económico.

Segundo os dados da Associação Automóvel de Portugal, que o Jornal Económico consultou, as vendas de automóveis ligeiros novos no país cresceram no primeiro semestre deste ano 5,5% em comparação com o período homólogo, para cerca de 153.870 viaturas vendidas. No entanto, em contraciclo, surgem as vendas das marcas Audi, Volkswagen e Skoda no mesmo período, com quebras de 36,4%, 22,5% e 27,8%, respetivamente.

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