[weglot_switcher]

Petrobras: presidente nomeado por Bolsonaro garante que privatização não está em cima da mesa

Em entrevista ao jornal brasileiro “Folha de São Paulo”, o economista defendeu a redução da presença estatal no setor petrolífero, mas garantiu que não prevê “nenhuma guinada espetacular” em relação à gestão atual da empresa estatal.
20 Novembro 2018, 11h17

Roberto Castello Branco, nomeado esta segunda-feira pelo presidente eleito do Brasil Jair Bolsonaro para presidir à petrolífera estatal Petrobras, garante que a privatização da companhia não está em cima da mesa. O economista defende a redução da presença estatal no setor petrolífero, mas não prevê “nenhuma guinada espetacular” em relação à gestão atual da empresa estatal.

A chegada de Roberto Castello Branco à liderança da Petrobras foi interpretada como o fim de um ciclo de mais de dois anos de gestão danosa de Pedro Parente e de ligações suspeitas ao Partido dos Trabalhadores (PT), no âmbito da Operação Lava Jato. No entanto, em entrevista ao jornal brasileiro “Folha de São Paulo”, Roberto Castello Branco, que se manifestou a favor da privatização de várias empresas estatais, já veio afastar esse cenário para a empresa que vai agora liderar.

Ao invés disso, Roberto Castello Branco quer apostar em áreas consideradas estratégicas, como a distribuição de combustíveis, mas lembra que ainda não passou “a porta da Petrobras”. O economista quer ainda concentrar esforços na produção do pré-sal. “Precisamos aproveitar essa riqueza enquanto há tempo. Em algumas décadas, o petróleo perderá a relevância que tem hoje”, argumentou.

Roberto Castello Branco defendeu a manutenção da política de preços internacionais dos combustíveis. “O que está a ser feito [a política de preços alinhados com as cotações internacionais] é a coisa certa. Inclusive, os preços no Brasil estão dentro da média mundial”, afirmou o presidente nomeado por Jair Bolsonaro. “O que está errado é uma única empresa controlar 98% da capacidade de refinação”, acrescentou.

O economista diz que vai trabalhar para reduzir a participação da Petrobras nas áreas de distribuição e de refinação. “A Petrobras pode rever o monopólio nessa área [refinação]. A competição é favorável a todos: à Petrobras e ao Brasil”, afirmou Roberto Castello Branco.

A gigante petrolífera brasileira, criada na década de 1950 pelo presidente Getúlio Vargas, tornou-se um dos símbolos de corrupção no Brasil, depois de terem sido revelados uma série de escândalos envolvendo a empresa, o Governo brasileiro e várias empresas do ramo da construção. A política de retenção dos preços da gasolina, imposta para segurar artificialmente a inflação, resultou em perdas bilionárias para a Petrobras. Em 2014, a dívida da empresa rondava os 106 mil milhões de dólares (24,6 mil milhões de euros).

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.