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PIB foi “surpresa positiva”, mas próximas leituras e inflação preocupam, afirma Braz Teixeira

O diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade mostrou-se agradavelmente surpreendido com os dados do PIB no primeiro trimestre, mas pediu contenção na análise, especialmente porque a subida da inflação preocupa. Descartando energia e produtos alimentares, indicador em Portugal já ultrapassa a média europeia.
29 Abril 2022, 18h20

O crescimento português no primeiro trimestre surpreendeu pela positiva, com o país a registar a taxa mais elevada entre as onze economias europeias que já reportaram números para este período, ao mesmo tempo que a inflação acelerou consideravelmente e bastante acima do registado na zona euro. Enquanto no PIB se verifica um retorno à média pré-pandémica e estes números não se deverão continuar a ver, nos preços o país parece seguir a tendência europeia, mas com um atraso.

O PIB cresceu 2,6% no primeiro trimestre, apontam as estimativas rápidas do INE, o que resulta numa variação homóloga de 11,9%, a mais alta entre os países da UE onde já se conhecem estes dados. Em comparação, a zona euro avançou 0,2%.

Pedro Braz Teixeira, economista e diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade, reconhece a “surpresa positiva”, mas teme que esta não seja “extrapolável”.

“Dá ideia que o consumo se comportou melhor do que esperaria, o que pode estar ligado a uma normalização mais rápida do que o esperado da taxa de poupança”, argumenta. Outro componente que surpreendeu foram as exportações líquidas, que avançaram apesar da grande subida dos preços dos combustíveis, que leva a um aumento do valor das importações.

Ainda assim, este crescimento contou com um impulso forte dado pelo retorno à trajetória pré-pandémica do PIB, refere Braz Teixeira, lembrando também que este valor resulta de uma estimativa rápida, pelo que os dados definitivos deverão dar nova luz sobre o comportamento da economia nacional.

Inflação core mais alta em Portugal do que na zona euro

Na inflação, o caso foi bastante distinto. Portugal, que vinha mantendo das taxas mais baixas na zona euro, viu este indicador acelerar significativamente dos 5,3% para os 7,2%, isto num mês em que a inflação no bloco da moeda única deu sinais de estabilização, ao acelerar apenas 0,1 pontos percentuais (p.p.), de 7,4% para 7,5%.

Para o diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade, este é um resultado “preocupante de todos os ângulos”.

Por um lado, a inflação dos produtos energéticos continua a subir, passando de 19,8% em março para 26,7% em abril. Em sentido inverso, na zona euro este subindicador abrandou este mês, dando sinais de menor pressão criada pela energia na economia europeia, algo que não se verifica em Portugal.

Por outro lado, Pedro Braz Teixeira destaca que a inflação subjacente portuguesa já está acima da europeia, um resultado preocupante pela extensão do fenómeno dos preços que sinaliza. Descartando produtos energéticos e alimentares não-transformados, a inflação em Portugal chegou aos 5%, depois de 3,8% no mês anterior; na zona euro, este valor não passou dos 4,2%, sendo que em março estava nos 3,4%.

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