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Porto de Sines apontado como ‘ponto crítico’ para o sucesso da ‘Rota da Seda’

O Instituto Schiller atualizou o seu estudo de 2014 sobre o impacto do projeto chinês da ‘Nova Rota da Seda’ e considera que o porto alentejano é uma elo fudamental para o êxito desta iniciativa global.
  • DCIM102MEDIA
25 Dezembro 2018, 11h00

O porto de Sines é considerado pelos grandes especialistas mundiais do setor como um elo fundamental no projeto de ligação comercial global lançado em 2013 pelo atual presidente da República Popular da China, em particular pela sua posição geoestratégica especial e privilegiada de ligação aos continentes de África e às Américas, do Norte e do Sul.

A mais recente versão do estudo ‘A Nova Rota da Seda torna-se a ponte terrestre mundial: um futuro compartilhado para a Humanidade”, que atualiza uma primeira versão de 2014, da autoria do Instituto Schiller (Alemanha) considera, assim, que o porto de Sines, é um dos dois “pontos críticos”,  para o desenvolvimento deste projeto, pela sua vocação mais atlântica, a par do porto espanhol de Algeciras, com um pendor mais mediterrânico.

“Não apenas Espanha, mas também Portugal, acolheram avidamente a proposta de Xi e, no último ano, têm estado a trabalhar ativamente em propostas e projetos específicos para tornar essa perspetiva uma realidade”, destaca o estudo do Instituto Schiller.

No entanto, esta situação é capaz de se ter alterado nas últimas semanas, com vantagem para Portugal, uma vez que os responsáveis políticos espanhóis não têm escondido uma certa oposição ao crescimento do investimento chinês no país vizinho, ao contrário de Portugal, que está a estreitar as relações políticas, diplomáticas e económicas com a República Popular da China, como ficou visível durante a semana que passou, com a visita oficial de Xi Jinping a Portugal. Durante a qual, o tema do porto de Sines esteve certamente na mesa das conversações ao mais alto nível, uma vez que é conhecido o interesse de diversos grupos chineses em garantirem a concessão de um novo terminal de contentores em Sines, supostamente designado Vasco da Gama, e cujo concurso público tarda em avançar.

“A Península Ibérica é, de facto o interface geográfico natural da faixa económica da ‘Rota da Seda’, que agora se estende do Pacífico ao Atlântico através da massa terrestre da Eurásia, com a ‘Rota Marítima da Seda’, que vai estender-se em direção ao Ocidente, através do Atlântico, para a Ibero-América, Caraíbas e Estados Unidos, bem como para sul em direção a África”, adianta o estudo do instituto liderado por Helga e Lindon La Rouche.

Durante a visita oficial do presidente da China que decorreu esta semana, Xi Jinping referiu por diversas vezes o interesse da segunda maior economia mundial em investir e em criar parcerias empresariais com empresas e outras entidades portuguesas no âmbito das infraestruturas portuárias e da economia do mar, entre outros setores de atividade.

Ciente deste interesse vivo da República Popular da China nos nossos ativos em infraestruturas portuárias e na plataforma continental, uma das maiores do mundo, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino liderou, há cerca de um ano, uma visita oficial ao Império do Meio, com uma das maiores comitivas empresariais de sempre – 126 empresas. Os resultados desses contactos e conversações poderão ser conhecidos em breve, sabendo-se que o interesse da China não se limita ao novo terminal de contentores em Sines. O porto alentejano, pela sua localização geográfica e por ter condições naturais que permitem a atracagem dos grandes navios – que continuam a crescer em dimensão de ano para ano – apresenta outras vantagens e valias, também no plano energético, logístico, industrial, tecnológico e em outros ramos de atividade.

O porto de Sines é o maior porto nacional em carga movimentada, detendo uma quota superior a 50% do total do setor portuário português do continente. Segundo dados divulgados pela AMT – Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, nos primeiros nove meses deste ano, o porto de Sines movimentou um total de 36,3 milhões de toneladas de mercadorias. Apesar de uma quebra de 6% face ao período homólogo, o porto alentejano foi responsável por uma quota de 51,4% do setor portuário nacional de janeiro a setembro, excluindo as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.

No segmento da carga contentorizada, a predominância do porto de Sines é ainda mais evidente. Apesar de ter registado uma ligeira quebra de 0,1% no período em análise no que respeita ao número de TEU (medida-padrão equivalente a contentores com 20 pés de comprimento) movimentados, o porto alentejano movimentou nos primeiros nove meses deste ano um total de 16,5 milhões de toneladas neste segmento de carga, mais 11% que no período homólogo do ano passado. Assim, o porto de Sines foi responsável por 58,2% da carga contentorizada movimentada em Portugal continental nos primeiros três trimestres, figurando há vários anos no ‘top 100’ dos maiores portos mundiais em contentores. O porto de Sines foi ainda responsável por 53,3% da carga geral, 64,8% dos granéis líquidos (combustíveis) e 24,6% dos granéis sólidos (carvão, cimento, cereais, por exemplo) movimentados em Portugal continental nos primeiros nove meses deste ano.

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