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Portos continentais com quebra de 9,7% em janeiro

O porto de Sines foi o principal responsável pelas quebras de mercadorias movimentadas face ao período homólogo de 2019, com destaque para o carvão e para a carga contentorizada.
25 Março 2020, 13h24

Os portos do Continente registaram uma quebra de 9,7% no volume total de carga movimentada no mês de janeiro, o equivalente a cerca de 800 mil toneladas, face ao mês homólogo de 2019. No total, os portos do continente movimentaram 7,5 milhões de toneladas no primeiro mês deste ano.

Segundo a AMT – Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, “estas quebras são explicadas maioritariamente pela carga contentorizada e o carvão em Sines, e os produtos agrícolas em Lisboa e em Aveiro, que, no conjunto, refletem um decréscimo de cerca de 1,23 milhões de toneladas, correspondente a 79,8% do total das quebras observadas nos vários mercados”.

“Se considerarmos o comportamento dos portos em termos globais, independentemente da tipologia de carga movimentada, são de assinalar variações negativas em Setúbal (-18%), Lisboa e Sines (ambos com -17%), com quebras respetivas de 94,8 mil toneladas, 164,7 mil toneladas e 762,4 mil toneladas, a que, com menor expressão, ainda se junta Aveiro”, destaca ainda a AMT, acrescentando que “Leixões, Figueira da Foz, Faro e Viana do Castelo são os portos que regista[ra]m variações positivas”.

“A variação global negativa do volume de carga movimentada em janeiro de 2020 face ao mesmo mês de 2019, resulta da conjugação de comportamentos negativos registados nas operações de embarque e nas operações de desembarque, incluindo ‘transhipment’, que observam quebras respetivas de 3,5% e de 13,5%”, explica um comunicado da AMT.

De acordo com esse documento, “o comportamento do fluxo de embarque, que inclui a carga de exportação, traduz uma quebra global protagonizada, essencialmente, pela carga contentorizada, registando quebras no volume embarcado em todos os portos, distinguindo-se Sines, com -23,8% (-263,2 mil toneladas)”.

A AMT não explica se a quebra verificada nas cargas movimentadas nos portos nacionais do Continente, em particular no segmento dos contentores e no porto de Sines, muito dependente das linhas de armadores provenientes do continente asiático, já conta com algum efeito do surto de Covid-19. A primeira morte registada com o coronavírus na China foi a 11 de janeiro e a quarentena naquele país foi decretada a 23 de janeiro.

“Os produtos petrolíferos, por outro lado, registam acréscimos significativos, sendo de +49,9% (+223,4 mil toneladas) em Sines e de +17,2% (+29,8 mil toneladas) em Leixões. De referir que a carga contentorizada e os produtos petrolíferos representam, em conjunto, 74,9% do volume total de carga embarcada”, salienta o mesmo comunicado.

O mesmo documento explica que, “no segmento das operações de desembarque, merecem particular referência o petróleo bruto, a carga contentorizada e os produtos petrolíferos, que no conjunto representam 74,7% (com parciais respetivos de 32%, 23,7% e 19%), seguidos pelos produtos agrícolas (7,7%) e outros granéis sólidos (6,9%)”.

“O carvão, que normalmente representa uma carga de significativa importância, em janeiro de 2020 não regista qualquer movimento (nem em Sines, nem em Setúbal). Assim, sobre o comportamento da carga desembarcada, há a registar a perda total do carvão e as variações negativas da carga contentorizada em Sines, bem como as quebras dos produtos agrícolas de Lisboa e Aveiro. Com variações positivas, destaca-se o petróleo bruto de Sines e de Leixões, os produtos petrolíferos de Leixões e de Lisboa, e os outros granéis sólidos e a carga fracionada em Aveiro”, detalha o mesmo comunicado.

A AMT revela ainda que as mercadorias que registaram crescimento no primeiro mês deste ano foram o petróleo bruto e os produtos petrolíferos, em Sines e Leixões, e ainda outros granéis sólidos, em Aveiro, que foram responsáveis por acréscimos na ordem dos 590,7 mil toneladas no seu conjunto.

Estas mercadorias foram responsáveis por 80,3% do volume total de variações positivas de mercadorias movimentadas nos principais portos do Continente no período em análise.

Apesar das quebras, o porto de Sines manteve a liderança, com uma quota de 50,5% nas mercadorias movimentadas, inferior em 4,3 pontos percentuais face ao período homólogo. O peso do porto alentejano sobe para 56,1% no segmento da carga contentorizada.
“Leixões ocupa a segunda posição (com 24%), seguindo-se Lisboa (10,6%), Aveiro (6,4%), Setúbal (5,9%) e Figueira da Foz (com 2,2%). Assinala-se, porém, que, pela primeira vez, o porto de Aveiro se posiciona no 4.º lugar do volume de movimentação de mercadorias, ultrapassando o porto de Setúbal”, destaca a AMT.

O documento do órgão regulador do setor dos transportes adianta que, no segmento dos contentores, o sistema portuário do Continente iniciou o ano de 2020 com um volume de 219 847 TEU (medida padrão equivalente a contentores com 20 pés de comprimento). Este comportamento traduziu um recuo de 16,2%, “resultante de um comportamento negativo verificado na generalidade dos portos, com exceção de Lisboa, cujo volume aumenta 1,8%”.

“Para esta variação negativa contribuem maioritariamente Sines, que regista uma quebra de 23,2%, e Setúbal, com uma redução de 25,1%, sendo ainda de sublinhar o recuo de 4,3% verificado em Leixões e de 20% na Figueira da Foz”, explica o comunicado da AMT.

O mesmo documento acrescenta que, “em termos globais, constata-se que a intensidade do comportamento negativo do sistema portuário do Continente no segmento dos contentores é fortemente condicionado pelo ‘transhipment’ (com Sines a registar uma quebra de 31,9% no volume de TEU), sendo, no entanto, de referir que o tráfego com o ‘hinterland’ apresenta um recuo global de cerca de 3,8%”.

“Ainda neste segmento, refere-se que o porto de Sines mantém a liderança com uma quota de 56,1%, seguindo-se Leixões, com 24,9%, Lisboa, com 14,1%, Setúbal, com 4,3%, e Figueira da Foz, com 0,6%”, revela a AMT.

Nos portos em análise registou-se, em janeiro de 2020, um total de 867 escalas de navios de diversas tipologias, um acréscimo de 35 escalas face a janeiro de 2019, a que correspondeu um volume global de arqueação bruta (GT) de 16,1 milhões, que traduz uma redução homóloga de 4%.

“A generalidade dos portos, à exceção de Sines, assistiu a um aumento do número de escalas, com destaque para Douro e Leixões que observaram um acréscimo homólogo de 30 escalas (+15,6%)”, assinala o referido documento.

Considerando os registos do primeiro mês de 2020, a quota mais elevada é detida pelos portos de Douro e Leixões, com 25,6% do total, seguidos de Lisboa (22,5%), Sines (19,7%), Setúbal (15,1%), Aveiro (10,5%), Figueira da Foz (4,6%), Viana do Castelo (1,7%) e Faro (0,2%).

“Viana do Castelo, Figueira da Foz, Setúbal e Faro são os portos que apresentam um perfil de porto ‘exportador’, registando um volume de carga embarcada superior ao da carga desembarcada, com um quociente entre carga embarcada e o total movimentado, no período em análise, de 76,4%, 66,4%, 57,6% e 100%, respetivamente. Acresce, no entanto, sublinhar que, no seu conjunto, estes portos detêm uma quota de carga embarcada que se situa na casa dos 13%, sendo que a Setúbal cabe 8,4% desta quota”, conclui o comunicado da AMT.

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