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Portos do Continente com quebra de 8,8% nas cargas movimentadas entre janeiro e agosto

Segundo os dados revelados pela AMT – Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, o porto de Sines passou a deter novamente no final do mês de agosto a quota maioritária absoluta do movimento global de mercadorias nos portos do Continente.
19 Outubro 2020, 11h03

Os portos do Continente movimentaram 53,7 milhões de toneladas entre janeiro e o final de agosto deste ano, o que representou uma quebra de 8,8% face a período idêntido do ano passado.

Segundo os dados revelados hoje, dia 19 de outubro, pela AMT – Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, o porto de Sines passou a deter novamente no final do mês de agosto a quota maioritária absoluta do movimento global de mercadorias nos portos do Continente.

Considerando apenas o mês de agosto isolado, comparativamente com o mesmo mês de 2019, verifica-se um aumento da carga superior a 12%, destaca a entidade reguladora do setor dos transportes.

“O carvão continua a exercer influência negativa no desempenho do ecossistema portuário, ao perder 1,94 milhões de toneladas nos primeiros oito meses do ano”, destaca a AMR, acrescentando que, “no segmento dos contentores, Setúbal e Leixões registam o volume mais elevado de sempre nos períodos homólogos”.

Desta forma, o porto de Sines passou a deter a quota maioritária absoluta do movimento global portuário com 50,3% do total, um acréscimo de +2,3 pontos percentuais à do período homólogo de 2019.

“Entre janeiro e agosto de 2020, os portos do Continente movimentaram quase 53,7 milhões de toneladas, um recuo de 8,8% face a igual período de 2019, o que corresponde a uma diminuição de 5,16 milhões de toneladas. No entanto, e se isolarmos o mês de agosto, verifica-se um aumento da carga superior em 12% face a agosto de 2019, responsabilidade total do porto de Sines, ao registar um acréscimo de 43,7% face a agosto de 2019 (refletindo, no entanto, a circunstância de o mês de agosto de 2019 ter registado o volume mais baixo do ano), e anulando as variações negativas de todos os outros portos, nomeadamente Leixões e Lisboa com decréscimos respetivos de 11,6% e 8,7%”, revela a AMT.

De acordo com este comunicado, “a variação global do sistema portuário é explicada pelo comportamento negativo da maioria dos portos, com destaque para Sines, que perde 1,21 milhões de toneladas, bem como para Lisboa, que regista uma diminuição de 1,72 milhões de toneladas e para Leixões, cujo movimento reflete um decréscimo de 1,56 milhões de toneladas”.

“Os únicos portos a registar exceções são os da Figueira da Foz e de Faro, cujo movimento reflete um acréscimo de 21,6 mil toneladas e 23,8 mil toneladas, respetivamente, com variações percentuais respetivas de 1,7% e de 30,5%”, adianta a instituição presidida por João Carvalho.

Segundo os responsáveis da AMT, “o carvão continua a exercer uma influência negativa determinante no desempenho global do ecossistema, uma vez que não se prevê a realização de novas importações de volume significativo para alimentar as centrais termoelétricas de Sines e do Pego, com cessação da atividade anunciada para 2021”.

“Ao nível dos mercados de carga, o carvão registou volume global inferior ao homólogo de 2019 de  menos 1,94 milhões de toneladas (-81,1%); seguindo-se nas posições seguintes os produtos petrolíferos com  menos 1,65 milhões de toneladas (-13,4%); o petróleo bruto com menos 508,6 mil toneladas (-6,8%); e os outros granéis sólidos com menos 489,2 mil toneladas (-9,4%)”, adianta o referido comunicado da AMT.

De acordo com o mesmo documento, “também os produtos agrícolas, a carga ‘ro-ro’ [carga e descarga de veículos automóveis], a carga fracionada e os outros granéis líquidos registaram decréscimos”.

“Apenas a carga contentorizada e os minérios assinalaram acréscimos nos primeiros oito meses do ano, embora com valores não muito expressivos, que se centraram em mais 111,2 mil toneladas e mais 81,4 mil toneladas, respetivamente. O comportamento da carga contentorizada resulta maioritariamente do desempenho dos portos de Sines, Setúbal e Leixões que, ao registarem, respetivamente, mais 1,24 milhões de toneladas, mais 154,4 mil toneladas e mais 128,6 mil toneladas, anulam os decréscimos de Lisboa e Figueira da Foz”, explica a AMT.

Aparente recuperação da carga contentorizada
A nota do órgão regulador do setor dos transportes, assinala que, “com exceção de Lisboa, mas cujas causas não são alheias ao clima de instabilidade laboral que continua a viver- se, aparentemente o mercado de carga contentorizada já se encontra numa fase de recuperação do abrandamento induzido pela pandemia de Covid-19”.

“O porto de Sines passa a deter uma quota maioritária absoluta de 50,3% do total do movimento de carga movimentada, um acréscimo de mais 2,3 pontos percentuais à do período homólogo de 2019, embora esteja ainda a menos 4,1 pontos percentuais do seu máximo registado em 2016. Leixões permanece no segundo lugar, com uma quota de 21,5%, seguido por Lisboa (11,1%), Setúbal (7,9%), Aveiro (6,1%) e Figueira da Foz (2,5%), sendo que Viana do Castelo, Faro e Portimão representam no seu conjunto 0,6%”, avança a AMT.

Ainda de acordo com a AMT, “nos primeiros oito meses deste ano, o segmento dos contentores registou um volume total de 1,8 milhões de TEU [medida padrão equivalente a contentores com 20 pés de comprimento], uma redução de 2,6%, correspondente a menos 47,6 mil TEU, e refletindo uma recuperação de 3,9 pontos percentuais relativamente ao mês  anterior”.

“Esta recuperação surge na sequência de um acréscimo global de 28,4% ocorrido no mês de agosto, com o contributo decisivo do porto de Sines, que regista uma variação de mais 69,3%, tendo sido acompanhado pelas variações de mais 29% em Setúbal e de  mais 8,6% em Leixões. Setúbal e Leixões registam o volume mais elevado de sempre nos períodos homólogos, com acréscimos de mais 0,8% e de mais 14,4%, respetivamente. Importa referir que o porto de Setúbal regista variações mensais positivas pelo sexto mês consecutivo, oscilando entre mais 11,1% em junho e mais 44,9% em abril”, destaca a AMT.

Para esta entidade, “Sines fecha o período janeiro-agosto de 2020 com uma variação total de mais 6,7%, correspondente a mais 65,1 mil TEU”.

“Os acréscimos referidos, de Sines, Leixões e Setúbal, não foram suficientes para anular as variações negativas de Lisboa e da Figueira da Foz que ascendem, respetivamente, a menos 39,9% (menos 125,5 mil TEU) e a menos 32,3% (menos 4,8 mil TEU). Tendo em conta o seu peso no mercado de contentores do porto de Sines, importa sublinhar que o tráfego de ‘transhipment’ representou 67,9% do volume movimentado neste porto e registou uma variação de mais 5,3%, impulsionada pelo movimento realizado em agosto, o mais elevado dos últimos 19 meses e que releva um acréscimo homólogo de mais 89,4%. Acresce referir que o tráfego com o ‘hinterland’ regista igualmente um acréscimo no período de janeiro a agosto, de mais 9,8%, atingindo o valor mais elevado de sempre, 332.005 TEU”, revela a AMT.

Ainda no mercado de contentores, este órgão reguldor refere que “o porto de Sines eleva a liderança para uma quota maioritária absoluta de 57%; seguindo-se Leixões, com 25,9%; Lisboa, com 10,4%; Setúbal, com 6%; e Figueira da Foz, com 0,6%”.

“Relativamente ao número de escalas de navios, nas diversas tipologias, o conjunto dos portos registou nos primeiros oito meses deste ano um total de 6.280 escalas, um recuo de 11,7% (menos 830 escalas no total) face ao período homólogo de 2019, correspondente a uma arqueação bruta de cerca de 112,7 milhões, menos 14,8% face a igual período do ano anterior”, observa o mesmo documento.

De acordo com os responsáveis da AMT, “este comportamento global resulta de diminuições do número de escalas observadas na maioria dos portos, tendo Lisboa dado um forte contributo ao registar menos 546 escalas, incluindo cerca de 176 escalas canceladas por aplicação das medidas de combate à pandemia de Covid-19”.

A AMT acrescenta que “estas medidas tiveram igualmente impacto nos portos do Douro e Leixões e Portimão, que registaram uma diminuição total de, respetivamente, menos 104 e menos 44 escalas”.

“Apenas Figueira da Foz e Faro registam variações positivas no número de escalas, ao registar em agosto um crescimento de mais nove e de mais seis escalas, respetivamente. A quota mais elevada do número de escalas no período total dos oito meses é detida pelos portos de Douro e Leixões, com 26,1% do total, seguidos de Sines (com 21,3%), Lisboa (17,8%), Setúbal (16,7%), Aveiro (10,4%), Figueira da Foz (5,1%) e Viana do Castelo (2,1%)”, salienta o mesmo documento.

A AMT considera também que “a variação global negativa do volume de carga movimentada no período janeiro- agosto de 2020 face ao mesmo período de 2019, resulta da conjugação de comportamentos negativos registados nas operações de embarque e nas operações de desembarque, incluindo ‘transhipment’, que observam quebras respetivas de menos 4,5% e de menos 11,6%”.

“O comportamento do fluxo de embarque, que inclui a carga de exportação, é caracterizado pelo comportamento positivo de 17 dos 45 mercados, movimentando um volume superior ao homólogo de 2019 em mais 1,24 milhões de toneladas, tendo os restantes 28 registado comportamento negativo, com um decréscimo total que ascende aos menos 2,29 milhões de toneladas”, prossegue o comunicado da AMT, justificando que “este segmento é fortemente influenciado pelos mercados da carga contentorizada e dos produtos petrolíferos de Sines, que registam variações respetivas de mais 600,6 mil e mais 168,8 mil toneladas e representam 48,6% e 13,7% do total das variações positivas”.

“As posições seguintes são ocupadas pela carga contentorizada de Leixões (mais 90,4 mil toneladas) e de Setúbal (mais 75,1 mil toneladas), após acréscimos respetivos de 3,7% e de 11,6%”, anuncia a AMT.

Por seu turno, a carga contentorizada de Lisboa e os produtos petrolíferos de Leixões são os principais mercados a assinalar variações negativas, ascendendo a, respetivamente, menos 944,4 mil toneladas e a menos 545,8 mil tonelada, representando 41,3% e 23,9% do total das variações negativas apuradas.

“No segmento das operações de desembarque, do total dos 48 mercados, 16 registaram comportamento positivo com acréscimos superiores a 1,47 milhões de toneladas e 32 tiveram comportamento negativo com um decréscimo de -5,58 milhões de toneladas”, assegura a AMT.

Os responsáveis deste órgão regulador alertam que, “a condicionar fortemente este segmento surge o carvão em Sines, responsável pela diminuição de 1,96 milhões de toneladas (menos 92,9% do que no período janeiro-agosto de 2019), representando 35,1% do volume total das variações negativas”.

“Os produtos petrolíferos de Sines e do petróleo bruto de Leixões são também responsáveis pelo comportamento negativo deste segmento, ao registar, respetivamente, diminuições de 1,06 milhões de toneladas (menos 20,6%) e de menos 907,6 mil toneladas (menos 33,5%), assim como a carga contentorizada de Lisboa, com menos 423,3 mil toneladas (menos 39,5%) e ainda os outros granéis sólidos de Leixões, que registam quebras de 232,9 mil toneladas (menos 28,8%). Estes cinco mercados referidos representam 82,1% do total das variações negativas observadas nas operações de desembarque”, esclarece a AMT.

Esta entidade defende ainda que, “a registar influência positiva, está a carga contentorizada e o petróleo bruto de Sines, que apresentam acréscimos de 635,9 mil toneladas (mais 12,2%) e 356,1 mil toneladas (mais 7,5%), respetivamente, representando no conjunto cerca de 67,3% do total das variações positivas apuradas”.

“Os portos que apresentam um perfil de porto ‘exportador’, registando um volume de carga embarcada superior ao da carga desembarcada, entre janeiro e agosto de 2020, são Viana do Castelo, Figueira da Foz, Setúbal e Faro, que apresentam um quociente entre carga embarcada e total movimentado com valores respetivos de 73%, 65,3%, 53,8% e 100%. A estes portos confere uma quota de 15,3% do total de carga embarcada no sistema portuário do Continente, sendo que 10,2 pontos percentuais desta quota pertencem a Setúbal”, conclui o referido comunicado da AMT.

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