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Portugal desce três lugares no índice mundial da corrupção. É a pontuação mais baixa desde 2012

“Ao longo dos últimos dez anos pouco ou nada tem sido feito pelo combate à corrupção em Portugal, e os resultados do CPI são expressão dessa deriva”, alerta Susana Coroado, da associação Transparência e Integridade.
28 Janeiro 2021, 07h50

Portugal caiu três lugares no Índice de Perceção da Corrupção (CPI, na sigla anglo-saxónica) de 2020, divulgado esta quinta-feira pela associação Transparência Internacional (TI). O país encontra-se agora na posição 33 depois de ter registado a pontuação mais baixa desde que há registos (2012) – 61 pontos – e se ter fixado cinco pontos abaixo dos valores médios da Europa ocidental e no conjunto da União Europeia.

“Ao longo dos últimos dez anos pouco ou nada tem sido feito pelo combate à corrupção em Portugal, e os resultados do CPI são expressão dessa deriva. Os sucessivos governos, e a classe política no geral, olham para este flagelo como uma coisa menor, sem cuidar de perceber que o desenho e implementação de uma estratégia capaz de prevenir e combater eficazmente a corrupção é determinante para o presente e o futuro do nosso país, e em particular em contexto de crise pandémica”, alerta a presidente da Transparência e Integridade, Susana Coroado.

Tal como no ano anterior, a Dinamarca e a Nova Zelândia continuaram no topo da tabela em 2020, com 88 pontos, seguidas da Finlândia e Singapura, ambas com 85, enquanto nas posições mais abaixo se encontram a Síria (com 14 pontos) e a Somália e o Sudão do Sul, ambos com apenas 12 pontos.

A Transparência e Integridade alerta que estes resultados, referentes a um ano marcado pela pandemia, são reveladores do impacto da corrupção nos sistemas de saúde e de proteção social, nos processos democráticos e no respeito pelos direitos humanos. “Os países com bom desempenho no índice são aqueles que mais investem em saúde, e também aqueles onde há menor propensão para se violarem as normas e instituições democráticas ou o estado de direito”, aponta a entidade.

“A Covid-19 não é apenas uma crise económica e sanitária. É uma crise de corrupção. E é uma crise que não estamos a conseguir gerir. O ano passado colocou governos à prova como nunca e os países com níveis mais elevados de corrupção têm sido menos capazes de enfrentar este desafio, mas mesmo aqueles que estão no topo do CPI devem abordar urgentemente o seu papel na perpetuação da corrupção a nível interno e externo”, avisa Delia Ferreira Rubio, presidente da TI.

O CPI, da Transparência Internacional, foi criado em 1995 e é um dos principais indicadores à escala mundial sobre a perceção da corrupção no sector público de 180 países, pontuando-os de 0 (percecionado como muito corrupto) a 100 (percecionado como muito transparente).

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