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“Portugal Pop”, uma viagem por 50 anos de moda em português

A Casa do Design, em Matosinhos, acolhe até setembro diferentes gerações, percursos e linguagens que encontraram na moda uma forma de expressão por excelência. Sempre em diálogo com o futuro, a memória e outras áreas criativas.
  • Portugal Pop
2 Maio 2022, 17h00

O MUDE FORA DE PORTAS está em Matosinhos, mais concretamente na Casa do Design, com uma nova proposta: “PORTUGAL POP. A Moda em Português 1970–2020”. Uma mostra que reúne perto de duas centenas de coordenados de moda de designers de diferentes gerações, cujos percursos e linguagens distintos – da música ao espetáculo e sustentabilidade, passando pelos ofícios tradicionais – servem de ponto de partida para debater a moda portuguesa e o seu valor cultural, económico e social nos últimos 50 anos.

“Com esta exposição pretende-se compreender: como é que a moda portuguesa expressa a ruptura e a vanguarda ligadas à moda e espelha a nossa memória colectiva sendo plasmada na nossa cultura visual? Como olhou o país para si mesmo durante estes anos através da moda? Como é que os autores entenderam os conceitos de identidade, lugar, território, pertença e memória colectiva, a par das suas referências pessoais e da sua mundividência, nos diferentes contextos políticos por que passámos?”, realça Bárbara Coutinho, curadora da exposição.

Estão representados cerca de 40 designers de moda, cujas criações colocam em confronto as relações existentes entre a cultura popular e a erudita, a urbanidade e o mundo rural, o cosmopolitismo e o nacionalismo, a tradição e o futuro visto pelas novas gerações.

Alexandra Moura, Alves/Gonçalves, Constança Entrudo, Dino Alves, Helena Cardoso, Filipe Augusto, José Carlos, Luís Buchinho, Maria Gambina, Maria-Thereza Mimoso, Miguel Flor, Nuno Gama, Storytailors, entre muitos outros, evidenciam as respetivas vivências pessoais com outras áreas, da música pop à sustentabilidade passando pela recuperação de práticas e saberes tradicionais, sem esquecer o cunho português que alguns incutiram à construção da sua imagem.

PORTUGAL POP. A Moda em Português 1970–2020” é organizada em torno de três eixos – Memória Coletiva e Identidade Nacional: Temas, Arquétipos e Símbolos; Territórios Pessoais: a Intersubjetividade na 1ª Pessoa do Singular; Eco-lógico: antropologia de Lugares, Matérias e Saberes”. Daí que a presença dos vestidos negros criados por Maria Teresa Mimoso para Amália Rodrigues seja absolutamente incontornável. Da mesma forma que António Variações não poderia faltar, dada a maneira original como se reinventava com roupas e acessórios por si desenhados, onde criatividade e referências minhotas – o seu berço – se cruzavam amiúde.

As criações dos estilistas José Carlos (calçada portuguesa e rio Tejo), Maria Gambina (saias negras das carpideiras), Anabela Baldaque (bordados e tradições religiosas) e Nuno Gama (azulejos; camisola poveira) ilustram elementos do Portugal rural e urbano, da cultura erudita e popular, da mesma forma que as peças de libertação feminina de Ana Salazar e Manuela Gonçalves, a moda camaleónica de Sónia Tavares, dos The Gift, ou o trabalho de Helena Cardoso em lã ou burel, com mulheres artesãs em contexto rural, nos dão outras perspetivas das múltiplas identidades, territórios, sentimento de pertença e memórias que marcam a história da moda nacional.

PORTUGAL POP. A Moda em Português 1970–2020” é uma coprodução entre a Câmara Municipal de Matosinhos/esad–idea, Investigação em Design e Arte e a Câmara Municipal de Lisboa/MUDE – Museu do Design e da Moda. Para ver até 18 de setembro.

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