Nos últimos anos é inegável o progresso de Portugal em termos de transformação digital. A conjugação das prioridades de política pública com a dinâmica empresarial nas áreas da inovação e do empreendedorismo tem contribuído para acelerar essa transformação, colocado o nosso país na linha da frente em termos europeus.

Tal é confirmado pelos resultados do relatório da Comissão Europeia sobre economia digital (Digital Economy and Society Index 2021) publicado este mês, onde se destaca a evolução de Portugal no contexto europeu, ocupando agora a 16ª posição. Se bem que há ainda muito a melhorar em algumas áreas (nomeadamente nas competências digitais da população), há a destacar o bom desempenho de Portugal em áreas como a adesão à banda larga de alta velocidade (3º lugar), comércio eletrónico nas pequenas e médias empresas (4ª lugar) os na disponibilidade de serviços públicos online.

Esta evolução traz, obviamente, uma maior visibilidade internacional ao que se faz em Portugal – beneficiando as nossas empresas, infraestruturas tecnológicas ou as instituições de ensino superior – sendo o nosso país um destino crescente de teste e experimentação de novas tecnologias. Não é por acaso que um dos maiores eventos mundiais nestas áreas – a Web Summit – se realiza em Portugal.

Um estudo publicado este mês pelo GEE – Gabinete Estratégia e Estudos evidencia o impacto da Web Summit sobre a economia nacional, quer em termos macroeconómicos quer ao nível da capacitação do nosso ecossistema de empreendedorismo. Se bem que muitos dos efeitos só serão visíveis a longo prazo, são notórias as dinâmicas de criação de redes e de networking, essenciais para promover as nossas startups junto de investidores e nos mercados internacionais, mas também a projeção da imagem do país em termos de empreendedorismo e de inovação.

O estudo salienta, também, o impacto na atração de investimentos para Portugal nas áreas tecnológicas e do digital nos últimos anos e, consequentemente, de novos talentos (recursos humanos altamente qualificados). De facto, Portugal é cada vez mais um país atrativo para os chamados “nómadas digitais” que, de acordo com a literatura sobre o tema, se podem definir como people with mobile work lives.

De acordo com uma investigação recente publicada na revista Global Networks (Home sweet home: Creating a sense of place in globally mobile working lives), as condições e as características de um país (ou de uma cidade ou região) são determinantes para a construção do projeto de vida dos “nómadas digitais” que, apoiados pelas tecnologias digitais, desenvolvem o seu trabalho ao mesmo tempo que mantêm as relações com os seus familiares mais distantes.

Portugal é, cada vez mais, um destino preferencial para trabalhadores altamente qualificados e com este novo estilo de vida, como atesta o site Thebrokebackpacker, que diz simplesmente “It seems like Portugal has become the Bali of Europe when it comes to digital nomad base stations”, destacando Lisboa, Porto e a Madeira como locais preferenciais. Melhor do que Bali, diria eu!