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“Pouco inovador” e com “vocabulário muito arcaico”: Estudo retrata sindicalismo português

Sindicalismo em Portugal corre o risco de definhar se não forem encontradas formas inovadoras de reivindicar os direitos dos trabalhadores.
15 Fevereiro 2017, 14h59

Um estudo da Universidade de Coimbra concluiu que os sindicatos em Portugal têm de se adaptar à nova realidade laboral “ou estão condenados” a servir “uns poucos, porque a maioria não serão trabalhadores assalariados”. A falta de inovação está ainda a condicionar a identificação dos mais jovens com os movimentos reivindicativos.

“A grande falha do movimento sindical é a de não encontrar formas inovadoras”, explica Dora Fonseca, a autora do estudo aos movimentos sociais e o sindicalismo durante a crise portuguesa, “e isso está a levar ao declínio da sindicalização”.

A investigadora explica que “a imagem do sindicalismo continua muito ligada ao operário — àquela conceção do sindicalismo do século XIX e início do século XX, do operário das linhas de montagem, da produção homogeneizada de base industrial operária” e eterniza a “conceção de luta e de organização”. No entanto, essa ideia está desatualizada tendo em conta a nova realidade social.

Dora Fonseca salienta que nos dias de hoje “o trabalho precário é cada vez mais a norma do que a exceção” pelo que há uma necessidade eminente de reinventar “por completo” as organizações sindicais “organizadas em pirâmide, centralizadas, burocráticas e rígidas” ou ficarão “sem filiados”.

O estudo indica ainda que o sindicalismo português utiliza “um vocabulário muito arcaico” e há “uma grande dificuldade das novas gerações em identificarem-se” com estes movimentos. Dora Fonseca chama à atenção para o facto de centrais sindicais, como a UGT, a CGTP ou a USI, não terem uma presença sólida nas plataformas digitais.

Os sindicatos precisam, por isso, de evoluir “de uma orientação reivindicativa e muitas vezes defensiva para uma orientação que procure abrir novos caminhos emancipatórios”, criando “um modelo de sindicalismo mais dinâmico, descentralizado, horizontal e flexível”.

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