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Presidenciais em França: Um destes cinco candidatos irá ocupar o Palácio do Eliseu

Os cinco candidatos mais bem colocados nas últimas sondagens participam esta segunda-feira no primeiro de três debates do canal de televisão francês TF1.
21 Março 2017, 10h10

A pouco mais de um mês para a primeira volta nas eleições em França e findo o prazo para a apresentação das assinaturas, são onze os candidatos que se apresentarão à primeira volta das presidenciais em França. Nove homens e duas mulheres. Quatro a favor da permanência na União Europeia e da moeda única e sete contra.

O Conselho Constitucional francês aprovou a candidatura de Emmanuel Macron (centro) Marine Le Pen (extrema-direita), François Fillon, (direita), Benoît Hamon (esquerda), Jean-Luc Mélenchon (extrema-esquerda), Philippe Pouton (extrema-esquerda), Nathalie Arthaud (extrema-esquerda), Nicolas Dupont-Aignan (eurocético), Jacques Cheminade (eurocético), François Asselineau (eurocético) e Jean Lassale (centrista).

François Fillon foi o candidato que apresentou maior número de assinaturas ao Conselho Constitucional, 3635. No entanto, as últimas sondagens, realizadas pelo Instituto BVA, colocam-no apenas em terceiro lugar. Já Marine Le Pen, uma das candidatas que reuniu menos assinaturas (627), é apontada como uma das que passará à segunda volta, juntamente com o centrista Emmanuel Macron.

Os cinco candidatos mais bem colocados nas últimas sondagens, que se acredita que têm mais possibilidades de vir a ocupar o Palácio do Eliseu, participam esta segunda-feira no primeiro de três debates do canal de televisão francês TF1.

 

Marine Le Pen (Frente Nacional)

Charles Platiau/REUTERS

Aos 49 anos, a candidata de extrema-direita é apontada como uma das preferidas na corrida ao Eliseu. Marine Le Pen assumiu a liderança do partido, em 2011, em substituição do seu pai, Jean-Marie Le Pen, depois de se ter referido ao Holocausto como “um pormenor na história” e de um sem-número de comentários racistas, que lhe valeram a condenação internacional.

Marine Le Pen procurou suavizar o embaraçoso cunho antissemita do partido, focando-se mais numa mensagem anti-globalização, anti-União Europeia e anti-imigração. Ao anunciar a sua candidatura, a líder de extrema-direita apresentou 144 “compromissos” caso venha a ganhar as eleições. As medidas passam por uma redução na ordem dos 80% para os 10 mil imigrantes por ano e uma redução significativa na carga de impostos das famílias francesas. Le Pen promete ainda devolver o controlo das fronteiras aos franceses e protegê-los da globalização.

Foi uma das vozes mais ativas na defesa do combate ao terrorismo islâmico, após os atentados de Paris e é uma apoiante convicta da saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) e do “Francexit”.

A crescente contestação face à União Europeia e às suas medidas de receção e inclusão de imigrantes têm vindo a acolher eleitores em favor da candidata. As sondagens apontam para que esta possa reunir um número suficiente para disputar uma segunda volta às presidenciais (26% das intenções de voto), sendo derrotada no segundo turno, com 38% contra 62% de Emmanuel Macron.

A prejudicar a campanha de Marine Le Pen está o recente escândalo da publicação no Twitter de fotografias violentas do autoproclamado Estado Islâmico. A candidata perdeu na imunidade parlamentar e pode ficar sujeita a uma pena de três anos de prisão e ao pagamento de uma multa que pode chegar aos 75 mil euros.

Emmanuel Macron (En Marche!)

Charles Platiau/REUTERS

 

O “afilhado político” de François Hollande e uma das figuras mais populares entre as fileiras do Partido Socialista, deixou o PS para vir encabeçar o seu próprio partido – En Marche!– em abril de 2016. Aos 29 anos, o centrista não se define “nem como de esquerda, nem de direita” e é apontado como o único capaz de derrotar Marine Le Pen ou François Fillon na corrida às presidenciais em França.

Economicamente liberal, o ex-banqueiro quer reduzir a despesa pública do Estado e atrair empreendedores para o país. Emmanuel Macron é a favor da União Europeia e dá luz verde às políticas alemãs de Angela Merkel, inclusive no que toca à imigração.

Esta é a primeira vez que Emmanuel Macron disputa uma eleição, depois de ter chegado à ribalta política há cerca de três anos, quando foi nomeado para ministro da Economia. O candidato centrista beneficia do descontentamento do povo francês com a elevada taxa de desemprego e do medo deixado por uma série de atentados terroristas de que a França foi alvo nos últimos anos.

De notar que Emmanuel Macron reune votos em ambos os espetros políticos – direita e esquerda –, com cerca de 50% de representantes vindos de partidos de esquerda, especialmente socialistas, 11% do centro e 16% da direita, sendo os restantes de independentes.

As últimas sondagens atribuem-lhe 25% dos votos na primeira volta e uma esmagadora vitória com 62% das intenções de voto no segundo turno.

 

François Fillon (Les Republicains)

Christian Hartmann/REUTERS

 

Primeiro-ministro entre 2007 e 2012, durante a presidência de Nicolas Sarkozy, François Fillon concorre agora ao cargo de chefe de Estado em França. Nas primárias do partido deixou para trás nomes como o próprio Nicolas Sarkozy e Alain Juppé.

François Fillon apresenta-se como um “liberal social” e promete adotar medidas de controlo à imigração e ao terrorismo islâmico, dizendo que “não há no país espaço para o radicalismo e a provocação” e que lutará contra os extremistas “que declararam guerra ao país”. Considerado um grande admirador de Margaret Thatcher, François Fillon defende o fim das 35 horas de trabalho e cortes na despesa da função pública.

O candidato de direita, de 63 anos, é um católico devoto e mostra-se a favor dos valores tradicionais e da preservação da identidade francesa. Defende a restrição de direitos homossexuais e quer construir mais prisões para que “as condenações sejam executadas”. Diz que “tudo fará pelos empreendedores” e prestará apoio às empresas através da diminuição de impostos.

Depois de ter sido considerado um dos candidatos favoritos às presidenciais francesas, o candidato de direita tem vindo a cair nas sondagens, devido ao escândalo ‘Penelopegate’, envolvendo a sua mulher e o uso indevido de dinheiros públicos. As últimas sondagens colocam-no em terceiro lugar, com 19,5% das intenções de voto.

 

Benoît Hamon (Partido Socialista)

 

O candidato de 49 anos derrotou o ex-primeiro-ministro, Manuel Valls, nas primárias do partido no final de janeiro, sob o mote de trazer de volta ao PS francês “uma esquerda de esquerda”. Benoît Hamon foi eurodeputado e porta-voz do Partido Socialista a partir de 2008 e integrou o Governo de François Hollande em 2012 como ministro-adjunto para a Economia Social.

No entanto, apesar de ser do mesmo partido que o presidente francês, Benoît Hamon não poupa críticas ao mandato de François Hollande, que acusa de falhar no essencial: “a redução das desigualdades”. O candidato socialista quer uma alternativa às políticas da chanceler alemã Angela Merkel, com uma aposta intensiva no crescimento económico e no progresso social e ecológico.

Benoît Hamon defende a criação de um Rendimento Básico Universal no valor de 600 euros para todos os  jovens entre 18 e 25 anos e é a favor de um salário mínimo europeu e um aumento no salário nacional. O socialista pede ainda a revogação das leis laborais, com a redução da carga horária semanal – atualmente nas 35 horas semanais. Defende ainda a legalização da eutanásia e o consumo de canábis, bem como a luta contra os maus tratos animais e o fim do gasóleo no país até 2025.

As promessas de Benoît Hamon atrairam o eleitorado socialista, resta agora tentar conquistar o povo francês. Nas últimas sondagens, Benoît Hamon surge particamente empatado com Jean-Luc Mélenchon, com 12,5% das intenções de voto contra 12%.

 

Jean-Luc Mélenchon (La France Insoumise)

Emmanuel Foudrot/Reuters

Aos 65 anos, Jean-Luc Mélenchon é o mais velho dos candidatos às presidenciais francesas. Apesar disso, este é o candidato que mais aposta nas novas tecnologias e que procura importar para a sua campanha presidencial um carácter mais inovador, como o uso de hologramas para discursar diante do eleitorado em duas cidades diferentes.

O candidato de extrema-esquerda foi membro do Partido Socialista, mas saiu para fundar uma ala mais radical da esquerda em França nas presidenciais deste ano. Conta com o apoio das forças desmobilizadas do PS francês, mas a possibilidade de ir à segunda volta é muito remota. As sondagens colocam-o a par com Benoît Hamon, nos 12% das intenções de voto.

Jean-Luc Mélenchon defende a saída da França da União Europeia, uma vez que acredita que esta apenas serve para pôr em prática medidas de austeridade impostas pelos grandes bancos e que vão de encontro aos ideiais da direita alemã de Angela Merkel. É ainda contra a aliança militar ocidental (NATO) e a favor de uma reaproximação à Rússia e quer uma redistribuição da riqueza pela sociedade francesa, através da criação de uma nova Constituição que privilegie o voto popular.

 

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