[weglot_switcher]

Presidente da República pede aos jornalistas para serem “anti-poder”

Marcelo Rebelo de Sousa falou na inauguração do congresso de jornalistas e disse olhar “com muita preocupação para a situação [precaridade profissional] dos jornalistas”. Já Goulard Machado, que lidera a Casa da Imprensa diz que há jornalistas que sobrevivem graças ao Rendimento Social de Inserção.
12 Janeiro 2017, 22h48

Marcelo foi orador da abertura da quarta edição do Congresso dos Jornalistas que decorre no cinema São Jorge, em Lisboa, entre hoje e domingo, subordinada ao tema “Afirmar o jornalismo”, nesse discurso pediu aos jornalistas para nunca deixarem de ser “anti-poder”.

“Nunca esquecer que o jornalismo só tem poder se nunca se vergar aos poderes políticos, económicos, financeiros, sociais, formais ou informais vigentes, antes deles se mantendo distanciado e perante eles permanentemente crítico, se quiserem, sendo um anti-poder, nesse sentido”, disse o Presidente da República.

Marcelo de Rebelo de Sousa, que também foi jornalista e director de jornais, sublinhou que “a precariedade enfraquece a profissão e sem jornalismo estável e independente não há democracia sólida em Portugal”. Marcelo lembrou que quase um terço dos 7.750 jornalistas em Portugal são estagiários, e diz que, para encontrar soluções, é preciso “envolver patrões, empresários” e também  “fazer chegar a real situação dos jornalistas aos cidadãos”.

“E acreditar sempre, porque se há experiência que o trabalhar em jornalismo tem em comum com o ensino é o apelo diário a não desanimar, a não desistir, a não renunciar, a pensar nos outros, no dever de testemunhar, no dever de servir, no dever cumprir uma missão comunitária. Nunca cedam, nunca desesperem, nunca abdiquem dessa vossa missão”, disse Marcelo.

Marcelo Rebelo de Sousa impeliu ainda os jornalistas a “não ceder à ilusão de que o novo fim da história reside em aceitar tudo o que é moda do instante, o ‘slogan’ do momento, a campanha da época, o que se chama agora pós-verdade, mas não passa da eterna mistificação”.

A maioria dos jornalistas recebe menos de mil euros líquidos por mês e um terço trabalha com vínculo precário, segundo um inquérito do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa, divulgado esta quinta-feira e citado pelo Jornal de Notícias.

O trabalho, realizado por uma equipa do CIES-IUL (ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa), em parceria com o Sindicato dos Jornalistas e o Obercom, conclui que, no ano passado, 69% dos jornalistas recebiam entre 501 e 1500 euros líquidos por mês, dos quais 23,3% recebiam entre 1001 e 1500 euros, 23,9% entre 701 e 1000 euros e 21,8% menos de 700 euros.

A presidente do Sindicato dos Jornalistas, Sofia Branco abriu o Congresso, lembrando que os salários dos jornalistas “são indignos para a responsabilidade social que a profissão tem”.

 

“Estamos na mais grave crise das nossas vidas profissionais”, disse por sua vez, Goulart Machado, presidente da Casa de Imprensa. Passados 18 anos desde o último congresso de jornalistas, “muitos jornalistas abandonaram a sua profissão”e há jornalistas que sobrevivem graças ao Rendimento Social de Inserção, afirmou esta quinta-feira Goulart Machado.

 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.