[weglot_switcher]

Primeira sessão do FórumIA destaca impactos na experiência do consumidor e resposta à Covid-19 no retalho

A primeira sessão deste fórum promovido pelo Programa INCoDe.2030 foi dedicada ao impacto no retalho, um sector em que lojas completamente automatizadas e ganhos operacionais estiveram em destaque.
12 Fevereiro 2021, 17h55

O impacto da inteligência artificial (IA) esteve em destaque na primeira sessão do FórumIA – Inteligência Artificial em Portugal, evento realizado esta quinta-feira e organizado pelo Programa INCoDe.2030. O debate contou com a presença de vários agentes ligados ao sector, como a SONAE MC, a Jerónimo Martins, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) ou a associação representativa das empresas de distribuição.

Os oradores destacaram as várias vertentes em que a IA contribuiu para uma agilização do comércio em grandes superfícies, particularmente ao nível da experiência do consumidor, da melhoria de processos internos e, sobretudo, na resposta à pandemia.

Destacando a necessidade de criar novas experiências de loja, face às restrições criadas pela Covid-19, Gonçalo Lobo Xavier, Diretor Geral da APED, argumentou que o crescimento do comércio eletrónico “veio criar oportunidades para pequenos negócios e pequenos associados que não estavam previstos entrar no e-commerce, mas que a Inteligência Artificial auxiliou na escolha de produtos a apresentar e na necessidade de moldar a operação ao comportamento do consumidor, não só no e-commerce, mas também nas lojas físicas”.

Luís Guimarães, cofundador da LTP Labs, defendeu igualmente que a pandemia “transformou a forma como nós fazemos compras”, aumentando a necessidade de inúmeras empresas duma presença digital que complemente a física.

“É importante alinhar estes dois espaços para enfrentar desafios que já sofremos no passado, bem como obter uma operação de cadeia de abastecimento no retalho que satisfaça as necessidades de reposição dos produtos nas lojas físicas, modelos de entrega ao domicílio ou modelos de recolha em loja”, acrescentou.

Do lado dos grupos retalhistas, o foco foi colocado nos ganhos operacionais. Liliana Bernardino, responsável de Customer Intelligence da SONAE, sublinhou a “estratégia de comunicação, organização de produtos, de gamas e lojas” baseada no comportamento do consumidor, um processo assente nas ferramentas de IA e machine learning implementadas pela empresa.

Já o diretor de Inovação e Consumidor na Jerónimo Martins, Rui Tomás, referiu a importância da IA através de dois exemplos concretos. Por um lado, a loja Pingo Doce & Go no campus da NOVA SBE, em Carcavelos, onde esta tecnologia permite uma “forma automatizada de compra, devolução, registo e pagamento” que resulta numa “boa experiência” para o cliente.

“Outra área é na essência operacional. Uma das experiências que fizemos, utilizando a inteligência artificial e que tem dado certo, é o AgroBusiness, que envolve criar bovinos e com a ajuda do machine learning conseguimos prever questões como a data de abate do animal ou controlar a distribuição dos animais pelo espaço”, mencionou ainda.

A utilidade da IA para as administrações públicas foi outro dos tópicos abordados. Ana Cristina Caldeira, inspetora diretora da Unidade Nacional de Operações da ASAE, explicou a relevância destas ferramentas através de um projeto multidisciplinar sobre fiscalização alimentar económica levado a cabo pela entidade.

“As matrizes de risco que aplicamos diariamente foram convertidas em modelos computacionais, ou seja, utilizamos a ciência de dados para nos ajudar e aplicar as nossas matrizes de risco na seleção de produtos económicos, e na questão de avaliação de denuncias e reclamações”, explicou a inspetora.

Presente no debate, a Agência Nacional de Inovação aproveitou para chamar a atenção para o financiamento de 95,5 milhões de euros destinados a investigação e desenvolvimento no seu próximo programa, bem como “um montante generoso de 2 mil milhões de euros para dois programas de Inteligência Artificial” previsto no próximo quadro comunitário.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.