“É uma surpresa total. Estou perplexo”, disse aos jornalistas Junichiro Hironaka, chefe da equipa de advogados de defesa de Ghosn.
Ghosn, 65 anos, escapou de Tóquio na segunda-feira, violando as condições da sua fiança, e encontra-se atualmente em Beirute.
“Estou no Líbano. Deixei de ser refém de um sistema judicial japonês parcial onde prevalece a presunção de culpa”, afirmou Carlos Ghosn, de acordo com um comunicado.
Ghosn esclareceu não ter fugido à Justiça, dizendo que se libertou “da injustiça e da perseguição política” no Japão. “Finalmente, posso comunicar livremente com a imprensa, o que farei a partir da próxima semana”, acrescentou.
O advogado sublinhou que o último contacto que estabeleceu com Goshn foi em 25 de dezembro, dia de Natal, e que ainda tem os três passaportes do ex-presidente da Nissan, que tem tripla nacionalidade: brasileiro, francês e libanês.
De acordo com fontes oficiais libanesas, citadas pela emissora pública japonesa NHK, Ghosn deixou o arquipélago nipónico com um documento de identidade falso e entrou no aeroporto internacional de Beirute com essa mesma identificação.
“Entrou com um nome diferente, não com o de Carlos Ghosn”, disse uma fonte dos serviços de segurança libaneses, citada pela mesma emissora. Segundo a NHK, o ex-presidente da Nissan terá chegado ao Líbano num avião particular.
Carlos Ghosn, ex-presidente do conselho de administração e ex-presidente executivo do grupo Nissan e da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, foi detido em Tóquio em 19 de novembro de 2018 por suspeita de abuso de confiança e evasão fiscal.
Detido vários meses no Japão, o empresário foi libertado em março de 2019, após o pagamento de uma caução. No início de abril passado, foi novamente detido e outra vez libertado sob caução.
No final desse mesmo mês, Ghosn ficou sob detenção domiciliária, a aguardar julgamento por evasão fiscal, entre outros crimes.
Os advogados e a família de Carlos Ghosn têm criticado fortemente as condições da detenção do empresário, bem como a forma como a justiça nipónica tem gerido os procedimentos deste caso.
Ghosn chegou à Nissan em 1999 como presidente executivo para liderar a recuperação do fabricante, com sede em Yokohama, nos arredores de Tóquio, depois de ter oficializado uma aliança com a francesa Renault.
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