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Príncipe William diz que mãe morreu na consequência da entrevista à BBC. Inquérito revela que Diana foi enganada

William agradeceu a investigação que repôs a verdade, ainda que ao fim de 26 anos, e admite ser “preocupante” o facto do jornalista e funcionários da BBC terem mentido e usado documentos falsos para obter a entrevista em 1995, acrescentando que se a verdade tivesse sido exposta em 1995 Diana “saberia que tinha sido enganada”. 
21 Maio 2021, 15h15

Um inquérito da BBC conclui na quinta-feira, 20 de maio, que o jornalista Martin Bashir, responsável pela entrevista à princesa Diana, teve “um comportamento desonesto” para conseguir a entrevista em 1995. Após a conclusão, o príncipe William, filho mais velho de Diana e Carlos, condenou publicamente o canal televisivo, afirmando que a entrevista contribuiu para “o medo, isolamento e paranóia” sentida pela mãe nos últimos de vida.

As declarações de Diana a Bashir ficaram marcadas pela revelação de que o casamento era composto por três pessoas. “Bem, éramos três no casamento. Era uma multidão”, revelou Diana na entrevista que ainda hoje assola a monarquia britânica, pautada pela discrição. Na altura, Diana referia-se à relação de Carlos, de quem estava separada à altura da entrevista, e de Camilla Parker-Bowles.

Diana e Carlos divorciaram-se em 1996, e no ano seguinte, a princesa do povo sofreu o fatídico acidente de carro em Paris. Carlos e Camilla casaram-se em 2005.

O filho mais velho de Diana refere que a forma como a entrevista foi conduzida por Bashir contribui “significativamente para o medo, paranoia e isolamento” da mãe. Num comunicado publicado no Twitter dos Duques de Cambridge, William afirma que a entrevista foi também um fator importante que levou ao afastamento dos seus pais, que se encontravam separados na altura, não divorciados.

O primogénito de Carlos e Diana considerou que Martin Bashir foi um “jornalista desonesto” mas que a BBC também tem a sua quota parte de responsabilidade no assunto porque decidiram “olhar para o outro lado em vez de fazerem as perguntas difíceis” quando as primeiras dúvidas foram levantadas no ano da transmissão da entrevista.

William agradeceu a investigação que repôs a verdade, ainda que ao fim de 26 anos, e admite ser “preocupante” o facto do jornalista e funcionários da BBC terem mentido e usado documentos falsos para obter a entrevista em 1995, acrescentando que se a verdade tivesse sido exposta em 1995 Diana “saberia que tinha sido enganada”.

Também o irmão de William abordou o assunto nos Estados Unidos após saber as conclusões da investigação. “A nossa mãe perdeu a vida por causa disto e nada mudou”, disse o marido de Meghan Markle. Ainda assim, Harry sustentou que “práticas como estas – e ainda piores – ainda hoje são comuns”, sendo estas práticas dos tabloides britânicos algo que o “preocupa profundamente”.

No documentário “The Me You Can’t See“, produzido em conjunto com Oprah Winfrey, Harry compara a morte de Diana à perseguição da sua mulher no Reino Unido, sendo este um dos motivos que os levou a mudarem-se para os Estados Unidos.

“A minha mãe foi perseguida até à morte porque ela estava numa relação com alguém que não era branco, e agora olha o que está a acontecer. Falam sobre a história de repetir? Eles não vão parar até ela morrer”, admitiu Harry no documentário, falando sobre Dodi Fayed, namorado de Diana de origem egípcia. “É incrivelmente desencadeante potencialmente perder outra mulher na minha vida”, referindo-se a Meghan Markle que admitiu pensar recorrer ao suicídio.

Na altura da morte da princesa Diana, William tinha 15 anos e Harry somava 12 anos de idade.

Martin Bashir demitiu-se na semana passada, alegando problemas de saúde causados depois de ter contraído o vírus SARS-CoV-2. A saída de Bashir do grupo tornou-se conhecida poucos dias antes do resultado do inquérito ser tornado público. Assim sabe-se agora que o ex-jornalista da BBC falsificou extratos bancários que mostrou a Charles Spencer, irmão de Diana, para conseguir acesso à princesa. Os comprovativos apresentados a Spencer mostravam então pagamentos realizados a membros da Casa Real britânica por serviços de segurança, uma prova de que Diana estaria a ser vigiada constantemente.

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