[weglot_switcher]

Projeto de combate à obesidade arranca este mês em Lisboa

Promover a educação alimentar em bairros e zonas de intervenção prioritária da capital é o objetivo de Food from the Block. Os autores do projeto explicam ao JE que este começa a ser implementado este mês e abrange três freguesias: Ajuda, Marvila e São Vicente.
2 Novembro 2021, 17h50

Alice Artur, Gonçalo Folgado, Joana Trindade Bento, João Martins e Maria Lopez constituem a equipa do projeto Food from the Block, cujo objetivo é promover a educação alimentar em bairros e zonas de intervenção prioritária, identificadas pela Câmara Municipal de Lisboa. O programa visa o desenvolvimento de atividades que conectem as práticas tradicionais de cada bairro e comunidades, para promover rotinas alimentares saudáveis, nutricionais e sustentáveis, bem como trabalhar na capacitação dos indivíduos para se tornarem eles próprios embaixadores de uma cultura alimentar saudável. Recentemente, Food from the Block foi premiado no âmbito do desafio “The Healthy Food Challenge”, lançado pela Novo Nordisk a nível mundial. O Jornal Económico conversou com a equipa promotora que nos explica o projeto.

 

No que consiste o projeto Food from the Block?

Food from the Block é um projeto de proximidade. Pretendemos engajar toda a comunidade para cozinharem, comerem e, em conjunto, se voltaram a conectar emocionalmente à comida e ao ato de confecionar. Abrindo o bairro ao resto da cidade para jantares em que o menu experiência conta a história e as estórias do território, mas sobretudo da comunidade, usando a alimentação como linguagem comum.

 

Como se propõem combater a obesidade?

Quando nos conectamos mais com a alimentação e adquirimos hábitos saudáveis é inevitável que não haja uma melhoria na nossa saúde. Falemos de obesidade bem como diabetes, ou até reforço dos nossos sistemas imunitários.

 

Quando vai ser implementado o projeto? 

O projeto vai iniciar em novembro. Vamos estar três meses a preparar a implementação, três meses a desenvolver trabalho de proximidade no terreno, próximos das comunidades para observar, sentir e estabelecer relações com as pessoas. Iniciamos no bairro 2 de Maio, na Ajuda, depois passamos para o bairro dos Alfinetes em Marvila e, por fim, chegamos à freguesia de São Vicente, onde irá haver um momento de partilha de todos os bairros aberto à comunidade.

Em simultâneo, tudo vai ser documentado e partilhado através das redes sociais que permite continuar a abrir estes territórios à cidade, ao país e ao mundo de modo a inspirar outros grupos a replicar o projeto nas suas ruas, nos seus bairros junto das suas comunidades.

 

Quem são os vosso parceiros? Com que entidades estabeleceram parcerias?

Juntamo-nos a entidades que já têm um forte trabalho de campo, a que iremos agora dar continuidade na área da alimentação. A Associação Amigos do B2M está diariamente no território, desde 2016, a criar oportunidades para as crianças e jovens não só do Bairro 2 de Maio, mas também noutros pontos da Ajuda. O Rés-do-Chão 119 que é nosso parceiro de terreno em Marvila, no Bairro dos Alfinetes, tem sido umas das organizações com mais presença neste território, seja pela sua abordagem de transformação espacial, seja por toda a dinâmica que tem gerado na animação daquele território em várias dimensões da vida urbana. Estes dois parceiros são fundamentais para que o projeto chegue à comunidade, porque já o fazem de forma consistente há anos. É igualmente importante termos o poder local connosco, temos a Junta de Freguesia da Ajuda e de São Vicente. Temos ainda a Rede DLBC, que congrega em si mais de 170 organizações. Temos também nesta parceria a Câmara Municipal de Lisboa a partir do carta BIP/ZIP e dos cerca de 400 projetos de proximidade, dinamizados ao longo da ultima década no âmbito do programa BIP/ZIP (Bairros de Intervenção Prioritária e Zonas de Intervenção Prioritária).

 

O projeto, pensado para a cidade de Lisboa, poderá ser adotado por outras instituições e replicado noutras cidades?

Sim, desde o início pensamos no Food from the Block para que possa ser replicado em qualquer parte do mundo. No entanto, a parte mais importante do que estamos a desenvolver é a nossa atitude de abertura e curiosidade genuínas para que sejam exatamente as comunidades com quem vamos trabalhar a dizerem-nos se as nossa ideias e o nosso modelo funciona ou não, ou se o precisamos de o repensar.

Para este problema global propomos uma solução local, que por mais que se replique, o seu resultado será sempre um menu único, fruto da identidade de cada lugar e de cada comunidade.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.