Quando dou aulas de Filosofia da Ciência, distingo quatro tipos de investigação empírica: objetivismo qualitativo, objetivismo quantitativo, subjetivismo qualitativo e subjetivismo quantitativo. Estes quatro tipos de investigação empírica representam uma matriz com duas dimensões: objetivismo vs. subjetivismo, por um lado, e qualitativo vs. quantitativo, por outro.

O objetivismo procura factos na realidade, isto é, algo que se possa provar independentemente da nossa opinião. O subjetivismo, por contraste, procura os significados que os seres humanos atribuem aos factos. Daqui resulta a dicotomia entre objetivismo e subjetivismo, isto é, entre factos e significados.

Por outro lado, quer os factos, quer os significados podem ser descritos com palavras, imagens e artefactos, ou medidos com números. Daqui resulta a dicotomia entre qualitativo e quantitativo, isto é, entre descrição e medição.

Podemos, pois, olhar para a realidade como um conjunto de factos qualitativos, factos quantitativos, significados qualitativos e significados quantitativos. Estas quatro formas de olhar para a realidade estão tão presentes na ciência que podem ser exemplificadas com diferentes disciplinas científicas.

O objetivismo qualitativo, isto é, a procura de factos qualitativos, pode ser ilustrado com a disciplina de História. Quando os historiadores procuram factos históricos, descrevem-nos com palavras, imagens e artefactos. E mesmo quando mencionam números, tais como o ano em que ocorreram os factos, fazem-no para descrever e não para medir a realidade.

O objetivismo quantitativo, isto é, a procura de factos quantitativos, pode ser ilustrado com a disciplina de Economia. Quando os economistas procuram factos económicos, medem-nos com números. E mesmo quando mencionam palavras e imagens tais como textos e gráficos, fazem-no para medir e não para descrever a realidade.

O subjetivismo qualitativo, isto é, a procura de significados qualitativos, pode ser ilustrado com a disciplina de Antropologia. Quando os antropólogos procuram diferenças antropológicas, descrevem-nas com palavras, imagens e artefactos. E mesmo quando mencionam números tais como a quantidade de pessoas numa tribo, fazem-no para descrever e não para medir a realidade.

Finalmente, o subjetivismo quantitativo, isto é, a procura de significados quantitativos, pode ser ilustrado com a disciplina de Psicologia. Quando os psicólogos estudam diferenças psicológicas, medem-nas com números, criando e validando escalas para fins estatísticos.

É salutar, portanto, que cada um de nós veja a realidade como um filósofo da ciência: como um conjunto de factos qualitativos e quantitativos aos quais o ser humano atribui novos significados todos os dias. Só assim será possível estabelecer um diálogo construtivo entre as diferentes disciplinas científicas e aumentar o impacto da ciência na sociedade.