Em dezembro de 2021, surgiu uma petição online que junta, de momento, mais de cinco mil assinaturas para exigir a substituição de Michael Masi, então diretor de corridas da Fórmula 1, por Eduardo Freitas. Esta quinta-feira, o pedido tornou-se realidade e a F1 passou a ter um português como diretor de corridas.
“Após uma época sem precedentes de decisões inconsistentes e extremamente questionáveis dos comissários da Fórmula 1, culminando com a farsa do Grande Prémio de Abu Dhabi de 2021, solicitamos aos organizadores da Fórmula 1 que substituam o atual diretor da prova por Eduardo Freitas, do WEC, bem respeitado e experiente. Freitas tem mais de 20 anos de experiência como diretor de corridas de alto nível e é considerado em todo o mundo como uma voz de consistência e autoridade. É vital que a confiança dos espectadores e dos fãs seja restaurada no policiamento das corridas de F1, que foi corroída ao longo da temporada de 2021”, lê-se na descrição da petição
Eduardo Freitas faz agora parte de uma liderança bicéfala com o alemão Niels Wittich (que vem do DTM, o campeonato alemão de carros de turismo), e vai estrear-se no novo cargo nos testes de Barcelona, entre 23 e 25 de fevereiro, sendo que o Mundial 2022 de Fórmula 1 arranca a 20 de março, com o Grande Prémio do Bahrain.
Michael Masi foi demitido na sequência das decisões polémicas tomadas na última prova da temporada anterior no Grande Prémio de Abu Dhabi, quando se disputava o título mundial que acabou por ser conquistado por Max Verstappen da Red Bull.
Mas quem é Eduardo Freitas?
Mecânico desde adolescente, o português — primeiro de motores de dois tempos e depois de karts — estreou-se no desporto motorizado no Campeonato do Mundo de Karting de 1979, disputado no Autódromo do Estoril, a desmontar o circuito, em busca de adrenalina. Depois, realizou quase todas as funções possíveis de desempenhar em circuito: passou por comissário de pista, chefe do posto de comissários, chefe das zonas de comissários e ajudou nas verificações técnicas. Um dia, em 2002, recebeu um convite para ser diretor de corrida do Campeonato FIA de GT’s e do Campeonato Europeu de Carros de Turismo.
“Pensei que o comboio podia ir mais longe e agarrei a oportunidade. Assim, alinhei por um ano, 2002, e agora estou aqui. Passei do FIA GT e ETCC para o WTCC [World Touring Car Championship] quando este começou, em 2004, e fiquei lá até 2009. Foram 110 corridas, foi muito divertido”, disse em entrevista ao AutoSport em 2020.
A chegada ao Mundial de Resistência aconteceu após dez anos de experiência em campeonatos menores. “Em 2010, a FIA decidiu mudar-me para o Campeonato do Mundo de GT, que só durou em 2011, então fui convidado para vir para o Campeonato do Mundo de Endurance [WEC], onde estou agora. E como sou diretor de corridas de resistência aqui, faço o mesmo trabalho na European Le Mans Series e na Asian Le Mans Series”, esclareceu Eduardo Freita.
Agora, depois de 40 anos de carreira, sendo 20 como diretor de corridas da FIA, saltou para a Fórmula 1. Nesse campeonato, nunca trabalhou diretamente, mas trabalhou ao lado de Michael Masi e o seu antecessor Charlie Whiting em conferências da FIA e reuniões de diretores de corrida. A “CNN” relembra que após os dois anos de Tiago Monteiro, em 2005 e 2006, Portugal volta a ter um representante no topo do automobilismo mundial.
O ano passado, em entrevista à “dailysportscar.com”, quando questionado sobre o que gostava de fazer aos fins de semana, entre outras coisas, disse: “Eu gosto de pegar no meu neto e ir incógnito para ver corridas de kart. É uma boa diversão. Gosto de ver as corridas de outras pessoas”. Agora a dificuldade será passar incógnito.
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