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Redução da velocidade em Lisboa com custos de 200 milhões, segundo estudo

A redução da velocidade média de 50 para 40 km/h vai fazer com que os residentes da Área Metropolitana de Lisboa e quem frequente a cidade perca mais 29 horas por ano no trânsito
17 Maio 2022, 11h34

A redução dos limites máximos de velocidade nas vias de Lisboa em dez quilómetros por hora vai custar 200 milhões de euros devido ao aumento dos tempos de viagem dentro da cidade. A previsão do custo económico tem em conta os 500 mil veículos em circulação diariamente e a distância diária de 15 quilómetros.

O estudo do BA&N Research Unit analisou os impactos económicos e sociais que a redução da velocidade vai ter na capital portuguesa, onde as principais estradas são preenchidas por trânsito nas horas de ponta.

A redução da velocidade média de 50 para 40 km/h vai fazer com que os residentes da Área Metropolitana de Lisboa e quem frequente a cidade perca mais 29 horas por ano no trânsito. Tendo em conta um salário bruto mensal de 1.465 euros, o custo económico adicional supera os 120 milhões

“Se considerarmos que cada veículo transporta 1,6 pessoas em média, então o valor do tempo adicional gasto pelos ocupantes supera os 72 milhões de euros, elevando o custo económico estimado do tempo adicional despendido para mais de 192 milhões de euros”, refere o estudo.

Mas o estudo vai mais longe: mais tempo em circulação implica um aumento do custo do consumo de combustível em 7%. Tendo em conta a volatilidade dos mercados e o aumento desenfreado do preço dos combustíveis para os portugueses, isso vai implicar um gasto muito maior.

O BA&N considerou um consumo médio de seis litros por 100 quilómetros a uma velocidade de 50 km7h, sendo que a redução em dez km/h vai levar a um consumo de 6,42 litros por cada 100 quilómetros percorridos. Ora, com uma média de 15 quilómetros diários por cada veículo (5.475 quilómetros anuais) significa um sobrecusto de 42,54 euros, estimando que o consumo anual vai crescer em 23 litros.

“Ou seja, face aos 500 mil veículos que circulam diariamente nas ruas de Lisboa, e tomando como referência o preço dos combustíveis em torno dos 1,85 euros por litro, este aumento do consumo materializa-se num custo adicional de 21 milhões de euros por ano”, escreve o estudo.

Adicionando todos estes sobrecustos na soma final, o custo económico da medida tomada pelo executivo de Carlos Moedas vai ascender a 213,7 milhões de euros.

Custo económico agrava-se em mais de 20%

Atualmente, a circulação a 50 km/h compreende um gasto de 1.023 milhões de euros por ano em termos de tempo e combustível consumido. A redução da velocidade compreende um incremento de 20,9% do custo económico, com este a passar para 1.237 milhões de euros ao ano.

Mais: o custo económico para os contribuintes lisboetas aumenta consoante o tempo despendido em engarrafamentos. Contabilizando que o tempo de viagem em Lisboa era 33% superior ao normal antes da pandemia (e que estes valores já normalizaram no pós-pandemia), o tempo adicional em tráfego traduz-se num sobrecusto de 127 milhões de euros referente “apenas ao valor económico do tempo gasto pelo condutor, superando os 200 milhões de euros se for tido em conta o tempo do passageiro”.

Mas a redução da velocidade em Lisboa não vai afetar só os condutores individuais como os profissionais, levando a um impacto económico ainda maior. O estudo relembra que os transportes públicos, táxis, TVDE e serviços de entregas e logística também vão ser afetados pela medida da CML.

Aumento das emissões de gases

Mais trânsito e engarrafamento significa mais emissões de gases de efeito de estufa e, por sua vez, mais poluição. O BA&N adianta que a moção aprovada pela CML “terá um impacto negativo a nível ambiental caso não exista uma redução do tráfego rodoviário e um aumento significativo da fluidez do trânsito”.

Um estudo francês notava que a redução da velocidade (a mesma proposta em Lisboa) implicaria um aumento das emissões de CO2 em 6,8% nos veículos ligeiros e 10,4% nos veículos pesados.

O mesmo estudo desenvolvida pelo Cerema para a Direção-Geral das Infraestruturas,
Transportes e Mar de França notava que a velocidade ideal se situa entre os 70 e 80 km/h. Neste caso, o conjunto de gases estabiliza quando o automóvel circula a estas velocidades.

“As emissões de CO2 a 40 km/h são apenas menores do que as registadas a velocidades inferiores ou a partir de 120 km/h. Ou seja, o impacto de circular a 40 km/h é semelhante ao de circular numa autoestrada em Portugal perto da velocidade máxima legal”, escreve o estudo, enquanto o atual limite de 50 km/h mostra uma emissão próxima dos 110 km/h.

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