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Regresso do FMI a Moçambique reforça confiança dos investidores

O economista-chefe da consultora Eaglestone considera que o novo programa do Fundo Monetário Internacional em Moçambique é positivo pela confiança que incute nos investidores.
14 Maio 2022, 16h59

O economista-chefe da consultora Eaglestone considerou este sábado à Lusa que o novo programa do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Moçambique é positivo, não tanto pelo valor, mas pela confiança que incute nos investidores.

“Mais do que o apoio financeiro de cerca de 450 milhões de dólares, é importante Moçambique ter assinado um programa de três anos que visa apoiar a recuperação económica do país e introduzir várias medidas para reduzir a dívida pública e melhorar as vulnerabilidades financeiras do país”, disse Tiago Dionísio em declarações à agência Lusa, na semana em que o FMI voltou a Moçambique.

O Fundo anunciou na segunda-feira um acordo de financiamento no valor de 470 milhões de dólares (445 milhões de euros) com Moçambique, que foi saudado como “o início de uma nova fase rumo à retoma do crescimento sustentável da nossa economia”, nas palavras do ministro da Economia e Finanças de Moçambique, Max Tonela.

No total, 470 milhões de dólares serão desembolsados pelo FMI para a aplicação de um Programa de Financiamento Ampliado (Extended Credit Facility, no original em inglês) até 2025, na ambição de apoiar o país a garantir a sustentabilidade, o crescimento inclusivo e a estabilidade macroeconómica de longo prazo.

“As possibilidades de sucesso [das reformas] aumentam com o FMI, não só pelas questões técnicas, como por exemplo a introdução de um fundo soberano, que é algo que não é propriamente fácil”, salientou Tiago Dionísio, que considera que o apoio de Moçambique marca uma nova fase nas relações entre as duas partes.

“O FMI nunca saiu verdadeiramente, mas é o reatar de uma relação formal entre as duas partes e a entrada do Fundo significa a entrada de mais ajuda de outros investidores internacionais”, apontou o economista, lembrando as dificuldades no seguimento da divulgação do escândalo das dívidas ocultas.

“Moçambique sempre precisou de ajuda financeira exterior para projetos e para o Orçamento, e depois das dívidas ocultas a torneira fechou, não só do FMI, mas também relativamente a donativos de outras entidade externas, e isto vai permitir a retoma de ajuda externa de que o país precisa”, acrescentou o economista-chefe da Eaglestone.

Entre as reformas mais importantes que terão agora a ajuda técnica e política do Fundo, Tiago Dionísio salientou, para além da introdução de um fundo soberano, a redução da dívida pública, que ronda atualmente os 100% do PIB, a gestão das receitas de gás natural nos próximos anos e a implementação de um sistema de metas para a inflação.

O FMI foi um dos vários parceiros internacionais que suspendeu a ajuda financeira na sequência da divulgação de empréstimos de empresas públicas que não tinham sido anunciados nem ao parlamento nem aos doadores internacionais, um processo conhecido como ‘escândalo das dívidas ocultas’ e que envolveu vários governantes do executivo então liderado por Armando Guebuza e no qual o atual Presidente era ministro da Defesa, a área em que operavam as empresas públicas que contratualizaram os empréstimos escondidos.

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