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Reino Unido quer impor fortes restrições à imigração europeia

Um documento do Ministério do Interior britânico adianta novas propostas no tema Brexit. Aumentar as restrições relativas à livre circulação de trabalhadores qualificados e não qualificados é um dos pontos mais abordados.
  • Peter Nicholls/REUTERS
6 Setembro 2017, 10h45

O Reino Unido quer acabar com a livre circulação de mão-de-obra e impor entraves à entrada de trabalhadores europeus com baixas qualificações depois do Brexit, diz um documento do Ministério do Interior britânico intitulado “Border, Immigration and Citizenship System After the UK Leaves the European Union”, a que o The Guardian teve acesso.

No documento, com a data do mês passado, o ministério apresenta medidas de redução do número de trabalhadores europeus com baixas qualificações no Reino Unido, a quem serão atribuídos vistos de residência de dois anos. Em relação aos trabalhadores qualificados, esses terão direito a permanecer no país entre três a cinco anos.

O jornal britânico avança que esta foi a primeira vez que se conheceram as intenções do país em relação à questão da imigração. Sabe-se que a prioridade do governo são os trabalhadores britânicos mas o documento esforça-se em esclarecer que as propostas ainda não foram aprovadas pelos ministros e estão “sujeitas a negociações com a União Europeia”.

As propostas visam também a introdução faseada de um sistema de imigração que dificulte, ou até mesmo, impeça, a entrada e permanência da maioria dos imigrantes europeus, restringindo a entrada dos seus familiares no país. “Isto poderá conduzir, potencialmente, à separação de milhares de famílias”, diz The Guardian.

O documento revela alguma preocupação com o “assegurar que os cidadãos europeus que chegaram ao país antes de uma determinada data possam continuar a viver ali e optar pela residência permanente”.

Questões como a necessidade de passaporte para entrada no Reino Unido e limitação temporal de permanência no país (seis meses), até pedido de visto de residência, podem estar mais perto de se tornarem obrigatórias. O texto adianta ainda a intenção de Londres em criar um sistema de identificação biométrica, que poderá incluir impressões digitais.

Yvette Cooper, depuatada do Partido Trabalhista, anunciou que vai pedir esclarecimentos aos ministros em relação a este texto.

“Este documento parece contradizer a decisão da Administração Interna, tomada há pouco mais de um mês, de pedir ao ‘Migration Advisory Committee’ [comité responsável por aconselhar o Governo na área da imigração] que forneça toda a informação necessária à implementação de uma nova política de imigração”, disse a deputada.

Elmar Brok, eurodeputado alemão envolvido nas negociações do Brexit, disse ao jornal britânico que a “linguagem áspera” do documento, assim como a “imposição de prazos à permanência no país de trabalhadores qualificados e menos qualificados” mostra que “há falta de sensibilidade a tratar deste assunto”.

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