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Reino Unido sanciona Milorad Dodik, amigo de Orbán e Putin na Bósnia

Dodik é acusado pelo Reino Unido – assim como pela UE e pelos Estados Unidos – de fomentar o separatismo. Mas a União nunca conseguiu avançar com sanções por causa da Hungria. Os britânicos querem cortar a influência de Vladimir Putin na região dos Balcãs Ocidentais.
11 Abril 2022, 18h05

O Reino Unido anunciou esta segunda-feira que avançou com sanções contra Milorad Dodik (membro da presidência tri-partida da Bósnia-Herzegovina em representação da República Srpska), e Zeljka Cvijanovic (presidente daquela república), por tentativa de minar a legitimidade e a integridade territorial da Bósnia-Herzegovina.

O Reino Unido adianta-se assim à União Europeia, que tem em vista há vários meses avançar com a mesma solução, mas nunca encontrou forma de fazer alinhar os 27 numa decisão nesse sentido. O grupo de Visegrado, mas principalmente a Hungria – país que tem sido financiador da República Srpsak e cujo primeiro-ministro, Viktor Orbán, é o maior aliado externo de Dodik – nunca se colocou de acordo. Aliás, Orbán prometeu a Dodic que bloqueara qualquer disposição da Comissão para lhe impor quaisquer sanções.

As sanções, que incluem o congelamento de bens e a proibição de viagens, são as primeiras a serem anunciadas pelo Reino Unido sob o regime de sanções da Bósnia-Herzegovina. A ministra dos Negócios Estrangeiros, Liz Truss, acusou a dupla de se sentir encorajada pela agressão de Vladimir Putin na Ucrânia. Ou seja, as sanções impostas aos dois políticos da República Srpska acabam por estar em linha com as sanções contra a Rússia – sendo certo que Vladimir Putin também faz parte do restrito conjunto de apoiantes externos de Dodic.

“Esses dois políticos estão deliberadamente a minar a paz duramente conquistada na Bósnia-Herzegovina”, disse Truss em comunicado. “Encorajados por Putin, o seu comportamento imprudente ameaça a estabilidade e a segurança nos Balcãs Ocidentais”.

As autoridades do Reino Unido dizem que a dupla usou as suas posições para pressionar a secessão da República Srpska – uma das duas entidades geográficas que compõem a federação da Bósnia-Herzegovina – em violação direta da constituição do país e dos acordos internacionais que presidiram à sua formação.

“Milorad Dodik lançou uma ação para retirar a República Srpska das principais instituições estatais, usando uma retórica nacionalista, independentista e perigosa, perturbando a paz regional e incitando o ódio étnico e à negação do genocídio”, diz ainda o comunicado.

A presidente daquela entidade, Zeljka Cvijanovic é por sua vez acusada pelos britânicos de usar o seu cargo para apresentar projetos de lei na República Srpska que buscam transferir competências estaduais para o nível de entidade, indo também contra o que está previsto na Constituição da Bósnia-Herzzegovina. “Cvijanovic elogiou publicamente os criminosos de guerra e negou o genocídio em Srebrenica”, disse o governo britânico no documento.

As posições da dupla têm sido largamente contestadas tanto pela União Europeia como pelos Estados Unidos. Mas, o problema da União é que escolheu um húngaro como comissário da Vizinhança e Alargamento: Olivér Várhelyi – que tem feito tudo para defender a posição de Orbán face ao problema. Ainda há poucas semanas vários euro-deputados entregaram à presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, um documento em que se queixavam das posições de Várhelyi e afirmavam que a sua postura face à Bósnia-Herzegovina é a oposta dos interesses da União.

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