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Responsáveis da Xiaomi acusam autoridades indianas de coação e violência

No início deste mês, a Índia apreendeu 725 milhões de dólares (688 milhões de euros) de contas da Xiaomi, acusando a empresa tecnológica chinesa de enviar dinheiro ilegalmente para a China, numa altura de tensão entre os dois países. Agora, surgem acusações de violência e coação por parte da Agência de Investigação de Crimes Financeiros da Índia.
8 Maio 2022, 14h55

O fabricante tecnológico Xiaomi denunciou alegadas ameaças de coação e violência direcionadas aos seus executivos de topo durante um interrogatório levado a cabo pela Agência de Investigação de Crimes Financeiros da Índia, de acordo com informação avançada pela Reuters este domingo.

Segundo a Reuters, responsáveis desta agência terão avisado o antigo CEO da Xiaomi na Índia, Manu Kumar Jain, e o atual CFO da Xiaomi, Sameer B. S. Rao, e as suas famílias, de que poderiam sofrer consequências diretas se estes não submetessem testemunhos que fossem ao encontro do que queriam os responsáveis do organismo estatal indiano.

Na altura em que a Reuters avançou com esta informação, a Agência de Investigação de Crimes Financeiros da Índia, publicou uma informação a destacar que as alegadas ameaças por parte dos responsáveis da Xiaomi eram “falsas e sem fundamento” e que estes executivos da tecnológica china depuseram de forma “voluntária e num ambiente propício”.

Tensão diplomática com a Xiaomi pelo meio

No início deste mês, a Índia apreendeu 725 milhões de dólares (688 milhões de euros) de contas da Xiaomi, acusando a empresa tecnológica chinesa de enviar dinheiro ilegalmente para a China, numa altura de tensão entre os dois países.

A Agência de Investigação de Crimes Financeiros da Índia, que iniciou uma investigação em fevereiro, disse que apreendeu o dinheiro de contas bancárias locais, depois de descobrir que a filial indiana da Xiaomi havia transferido fundos para três entidades sediadas no exterior.

“Enormes quantias em nome de ‘royalties’ [compensações financeiras] foram pagas a pedido de entidades controladoras chinesas”, disse a agência em comunicado, no sábado.

A filial indiana da Xiaomi negou as acusações, garantindo que as operações financeiras estavam “firmemente de acordo com as leis e regulamentos locais”.

“Estamos comprometidos em trabalhar em estreita colaboração com as autoridades governamentais para esclarecer quaisquer mal-entendidos”, escreveu a Xiaomi India, na rede social Twitter.

Agentes policiais estiveram na sede da Xiaomi na Índia em dezembro, no âmbito de uma outra investigação, sobre alegações de evasão fiscal, que abrange outras empresas tecnológicas chinesas, incluindo a Huawei.

A Xiaomi anunciou em março um lucro líquido de 19,3 mil milhões de yuan (2.8 mil milhões de euros) em 2021, salientando que a maioria dos seus negócios no estrangeiro provém dos mercados indiano e europeu.

As relações entre a Índia e a China são tensas desde junho de 2020, quando confrontos deixaram 20 soldados indianos mortos e pelo menos quatro chineses na região de Ladakh, ao longo da fronteira disputada que separa Arunachal Pradexe do Tibete.

O Ministério do Interior indiano baniu centenas de aplicativos móveis chineses, incluindo a popular plataforma Tiktok, dando como justificação a necessidade da Índia prevenir ameaças à soberania do país.

A 7 de abril, a Índia afirmou ter sido vítima de um ataque cibernético por parte de ‘hackers’ chineses contra a rede de distribuição de energia perto de Ladakh.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijan, negou que a China tivesse lançado esses ataques.

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