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Respostas rápidas: E se a Fitch tirar Portugal do ‘lixo’?

A agência de notação Fitch vai avaliar Portugal esta sexta-feira. Perceba como é que esta e outras agências viram Portugal durante e depois da crise, bem como o que se espera e implicações da decisão.
  • Reinhard Krause/Reuters
15 Dezembro 2017, 16h09

O que é que vai acontecer esta sexta-feira?

A agência de notação financeira Fitch tem marcada a publicação de um relatório sobre o rating de Portugal para esta sexta-feira. Na última avaliação, em junho, a Fitch subiu a perspetiva do rating soberano para positiva (de estável) mantendo a notação em BB+, ou seja no primeiro nível de ‘lixo’.

A mudança na perspetiva indica que a agência está mais confiança em relação a uma possível subida do rating da República. Ao atribuir uma perspetiva ‘positiva’, a Fitch admitiu fazer uma alteração e passar Portugal para grau de investimento nos 12 a 18 meses seguintes. A expetativa é especialmente alta porque a agência de notação Standard and Poor’s já tomou a decisão de tirar Portugal do nível de ‘lixo’ em setembro.

A subida é certa?

O crescimento económico no país, impulsionado pelo momento favorável global, é apontado pelos analistas como uma das principais razões para um upgrade bastante provável. No entanto, não há certezas absolutas. Aliás, a Fitch já tinha subido a perspetiva da dívida nacional (entre abril de 2014 e março de 2016), sem depois tomar qualquer decisão sobre alterações ao rating. Se voltar a acontecer, poderá estar relacionado com o elevado endividamento.

O primeiro-ministro, António Costa, disse esta sexta-feira que “não ficaria surpreendido” se a Fitch acompanhasse o que outras agências de notação têm feito e “concluísse o óbvio”, retirando Portugal do ‘lixo’. Não quis “antecipar expetativas”, mas sublinhou que “há um dado que é muito claro: a situação económica e financeira hoje não tem nada a ver com a situação de Portugal do ponto de vista económico e financeiro em 2011 ou em 2015”.

O que é que a Fitch pensa sobre Portugal?

Entre setembro de 2009 e novembro de 2011, a opinião da Fitch sobre Portugal caiu a pique. A agência passou de avaliar a República no grau de investimento AA (perspetiva estável) para o grau especulativo BB+ (perspetiva negativa). Em plena crise da dívida soberana na Europa, Portugal foi um dos países mais penalizados, mas não o único. Desde então, a Fitch foi mostrando maior confiança no país.

Em junho, a Fitch justificou o upgrade na perspetiva dizendo que o Governo português deverá continuar a com uma política orçamental mais apertada e estabilidade política no país conseguida com a maioria parlamentar. Por outro lado, alertou que o rácio da dívida face ao PIB em Portugal (que o Governo estima fique em 126,2% este ano) continua acima da média da categoria ‘BB’ (51%) e da média da zona euro (90%).

Qual é que é a avaliação das outras agências de notação?

Há quatro grandes agências de notação financeira no mundo, sendo que, durante a crise, três delas passaram o rating de Portugal para o nível de ‘lixo’. Desde então, a Moody’s foi subiu a perspetiva do rating para positiva, mas manteve a dívida em grau especulativo. Em setembro, a Standard & Poor’s retirou Portugal do ‘lixo’, revendo em alta o rating atribuído à dívida soberana portuguesa de ‘BB+’ para ‘BBB-‘.

A canadiana DBRS foi a única a atribuir grau de investimento a Portugal, uma posição que qualificou o país para o programa de ativos do Banco Central Europeu (BCE), que foi um dos principais fatores para controlar a subida das taxas de juros da dívida. Se a Fitch subir o rating de Portugal esta sexta-feira, ficará a faltar a Moody’s que manteve o rating em setembro e ainda não divulgou quando fará a revisão em 2018.

Porque é que é importante estar em grau de investimento?

Ter o rating da República em grau de investimento tem impacto na confiança que os investidores têm em Portugal, o que se pode ver pelos juros da dívida portuguesa a 10 anos desde que a Standard and Poor’s tomou essa decisão. Esta sexta-feira, as yields das obrigações benchmark negoceiam em mercado secundário próximo de 1,77%, em comparação com os 2,81% no dia antes da decisão da S&P (que já era esperada e por isso já estava a beneficiar o país).

O mesmo acontece nas novas emissões de Obrigações do Tesouro e Bilhetes do Tesouro pelo IGCP. Além disso, há fundos de investimento internacionais que só compram dívida de emitentes com a classificação de grau de investimento por duas das três principais agências de notação, para minimizar os riscos. Portugal deverá passar a ter acesso a esses fundos em 2018.

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