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Respostas Rápidas: O que leva os Estados Unidos a apoiarem firmemente o regime saudita, apesar do caso Khashoggi?

O relatório da CIA ao assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi veio apontar responsabilidades ao príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman. Ainda assim os Estados Unidos mantém o país como um “parceiro firme”. Entenda porquê.
22 Novembro 2018, 07h10

O que liga o príncipe saudita ao assassinato do jornalista Jamal Khashoggi?

O relatório da CIA, a que o jornal norte-americano “Washington Post” teve acesso, revela que foram intercetadas várias ligações telefónicas que ligam o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman ao assassinato do jornalista saudita. O relatório indica que Khalid bin Salman, irmão do príncipe e embaixador nos Estados Unidos, terá contactado Jamal Khashoggi no sentido de o aconselhar a ir ao consulado saudita em Istambul para tratar das burocracias para se poder casar. Tendo em conta que a coroa saudita supervisiona todos os assuntos do reino, os serviços de inteligência norte-americanos acreditam que Mohammed bin Salman tinha conhecimento dos planos para matar o jornalista saudita, que era uma das vozes mais críticas ao regime.

O que a CIA sustenta que aconteceu no dia da morte do jornalista saudita?

A investigação feita pela CIA mostra que o jornalista, que vivia nos Estados Unidos, terá entrado no consulado saudita na capital da Turquia, pelo próprio pé, no dia 2 de outubro. Quatro dias antes, Jamal Khashoggi tinha estado no consulado para tratar de recolher documentação para preparar o seu casamento com uma mulher de origem turca. Por volta das 17h50, a noiva de Jamal Khashoggi reportou o desaparecimento do futuro marido junto das autoridades turcas, que terão iniciado uma investigação ao caso. As câmaras de videovigilância na zona captaram a chegada de 15 pessoas ao consulado logo de seguida, que terão sido enviadas para matar e fazer desaparecer o corpo do jornalista. A CIA acredita que Jamal Khashoggi terá morrido naquele mesmo dia, pelas mãos do regime saudita.

O que disse Donald Trump sobre a investigação da CIA?

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comprometeu-se a permanecer como um “parceiro firme” da Arábia Saudita, apesar das acusações ao príncipe herdeiro. O republicano diz que não há provas conclusivas que liguem o príncipe diretamente ao assassinato e a CIA ainda não tem todos os contornos do assassinato, nem “nada definitivo” em relação ao assassino. “Podemos nunca saber quais foram todos os contornos sobre a morte de Jamal Khashoggi. Em qualquer dos casos, a nossa relação é com a Arábia Saudita”, afirmou. No entanto, na sexta-feira passada, o presidente turco, Recep Erdoğan, e Donald Trump concordaram que o assassinato do jornalista saudita não deve ser abafado.

Por que é que Trump continua a apoiar a Arábia Saudita, apesar das acusações ao príncipe herdeiro?

A Arábia Saudita é um importante aliados dos Estados Unidos. O país é um dos maiores produtores de petróleo em todo o mundo e é o principal dentro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), exportando milhares de barris para todo o mundo. Às relações económicas, somam-se as relações estratégicas. A Arábia Saudita é um grande aliado dos Estados Unidos no Médio Oriente, nomeadamente no que toca às tensões com o Irão, que foi acusado pela Administração Trump de estar a financiar grupos terroristas e estar a tentar produzir armas nucleares.

O que pensa a Turquia em relação ao apoio dos Estados Unidos à Arábia Saudita?

A Turquia acusou esta quarta-feira os Estados Unidos de tentarem ignorar o assassinato do jornalista saudita. O vice-presidente do partido AKP no poder, Numan Kurtulmus, classificou as declarações de Donald Trump em favor da Arábia Saudita como “uma comédia” e disse que “não é possível para uma agência de espionagem como a CIA, que sabe a cor do pêlo do gato que anda no jardim do consulado saudita, não saber quem deu esta ordem” para matar Khashoggi. “Isto não é credível nem para a opinião pública dos EUA nem para a do mundo”, sublinhou.

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