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Respostas Rápidas: o que vai acontecer ao acordo nuclear com o Irão?

A saída dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irão tem obrigatoriamente que promover alterações, já que mais não seja na correlação de forças entre as partes envolvidas.
  • Carlos Barria/REUTERS
9 Maio 2018, 12h25

O acordo vai acabar?

Nada indica que isso venha a acontecer. Um primeiro lugar, porque os restantes parceiros – França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha – estão dispostos a manter todos os pressupostos que foram assinados em 2015. O lado europeu está já a desenvolver contactos para oficializar que o seu apoio ao Irão não será cortado.

O Irão vai manter-se dentro do acordo?

Em princípio sim, mas uma resposta completa só pode ser dada depois de se perceber qual é o balanço de forças no interior do país. É preciso não esquecer que o lado mais fundamentalista do regime, corporizado no líder máximo, o aiatola Ali Khamenei, nunca esteve totalmente de acordo com o projeto – o que pode indicar que o lado mais moderado do Irão, corporizado no primeiro-ministro Hassan Rouhani, pode vir a sentir dificuldades em mantê-lo no ativo. É preciso também perceber qual será o alcance das novas sanções que os Estados Unidos vão fazer recair sobre Teerão – e, por outro lado, qual é a capacidade de os outros parceiros se substituírem a essas sanções.

Que consequências para a União Europeia?

A União Europeia demorou muito poucos minutos a reagir ao discurso de saída de Donald Trump – o que é indicador de que os países do conjunto, ao contrário de tantas outras vezes, estão alinhados. É bom sinal. Para os observadores, a saída dos Estados Unidos pode também abrir perspetivas de aumento de influência dos países europeus que são subscritores do acordo. Não é fácil substituir o poder e a influência da Casa Branca, mas a importância do acordo com o Irão aconselha a que isso seja tentado.

Em termos de diplomacia internacional, alguma coisa vai mudar?

A grande questão – que Donald Trump não escamoteou – tem a ver com o sucesso da cimeira com a Coreia do Norte. Para já, Pyongyang não fez qualquer referência a possíveis vasos comunicantes entre as duas situações, mas os analistas convergem na eventualidade de a Coreia do Norte ficar reticente em relação às negociações com a Casa Branca, sabendo agora do grau de volatilidade que essas negociações podem ter no futuro. É ainda preciso saber qual será a resposta de Teerão no terreno – nomeadamente no que tem a ver com o Yemen: irão as milícias apoiadas pelo Irão aumentar o grau de intensidade da guerrilha contra as forças apoiadas pela Arábia Sauditas? É preciso não esquecer que este país árabe, juntamente com Israel, foi dos poucos que veio saudar a saída dos Estados Unidos.

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