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Respostas Rápidas. Pipelines que transportam gás russo foram sabotados? Por quem?

O que se sabe até agora da sabotagem a dois gasodutos que transportam gás russo via mar Báltico para a Alemanha?
28 Setembro 2022, 15h30

O que é que aconteceu?

Os gasodutos Nord Stream 1 (NS1) e o Nord Stream 2 (NS2) sofreram danos nunca vistos num único dia, revelou hoje a Nord Stream AG, a operadora da rede.

As autoridades dinamarquesas lançaram um alerta sobre uma fuga no gasoduto do NS2. Pouco depois, as autoridades suecas lançaram outro alerta de que existiam duas fugas no gasoduto do NS1.

“A destruição que teve lugar no mesmo dia em simultâneo em três pontos dos pipelines de gás offshore não tem precedentes. Não é ainda possível estimar o timing da recuperação da infraestrutura de transporte de gás”, disse a operadora, citada pela “Reuters”.

Que gasodutos são estes?

Os NS1 e NS2 têm a capacidade anual de transportar 110 mil milhões de metros cúbicos de gás, metade dos volumes exportados anualmente pela Rússia.

O NS1, inaugurado em 2011, consiste em dois gasodutos paralelos com mais de 1.200 quilómetros de comprimento de Vyborg na Rússia para Lubmin na Alemanha. A sua capacidade anual é de 27,5 mil milhões de metros cúbicos, em cada um dos gasodutos. Desde junho, que o NS1 está a trabalhar apenas a 20% da sua capacidade. No entanto, desde o final de agosto os fluxos foram interrompidos depois de realizada manutenção.

Já o NS2 corre praticamente em paralelo ao NS1. Terminado em setembro de 2021, nunca foi lançado depois de a Alemanha ter-se recusado a certificar o projeto. Depois da invasão russa da Ucrânia, o projeto ficou suspenso.

O que disse a Comissão Europeia?

Ursula von der Leyen disse que era “importante investigar os incidentes”. “Qualquer disrupção deliberada de infraestruturas energéticas europeias é inaceitável e vai provocar uma forte resposta”.

Por sua vez, o responsável pela diplomacia comunitária prometeu uma “resposta robusta” se for concluído que houve sabotagem.

“Qualquer disrupção deliberada da infraestrutura energética europeia é totalmente inaceitável e vai ter uma resposta robusta e unida”, disse hoje Josep Borell citado pela “Reuters”.

Em entrevista ao canal alemão “NTV”, o espanhol admitiu a possibilidade de sabotagem, mas não avançou com suspeitos ou razões para tal ato.

“Os Estados Unidos e a NATO/UE parecem muito relaxados sobre a sabotagem de uma infraestrutura crítica. NS1 e NS2 não estavam a entregar gás. Mas existe um princípio/precedente importante. A falta de respostas a alto nível por parte de Washington, Londres e Bruxelas e é si mesmo uma história importante”, comentou hoje o analista de energia John Kemp.

Como reagiu o Kremlin?

O Governo russo veio a público dizer que as fugas nos gasodutos podem ter sido um ato de sabogatem.

“Nenhuma opção pode ser afastada”, disse o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov, quando questionado sobre a sabotagem.

Moscovo exige uma investigação ao sucedido, pois afeta todo o continente europeu.

Quem é que detém o gasoduto?

O NS1 é detido em 51% pela gasista russa Gazprom (51%), seguido das alemãs PEGI/E.ON e Wintershall Dea com 15,5%, os franceses da Engie e os holandeses da Gasunie com 9% cada.

A Nord Stream AG gere o projeto, mas não detém o ativo, nem o gás que passa por ele. A Gazprom Export é responsável pelo envio do gás após contratos com as energéticas europeias e os negociantes de gás.

A empresa russa tem contratos com os austríacos da OMV, os italianos da Eni, os alemães da Uniper e da RWE.

Recorde-se que Moscovo já tinha cortado os fluxos de gás para a Bulgária, Finlândia, Polónia, Dinamarca e os holandeses Gasterra e a Shell por recusarem pagar o gás em rublos.

Como reagiram os governos escandinavos?

Copenhaga e Estocolmo consideraram que os atos de sabotagem foram “deliberados”.

A primeira-ministra dinamarquesa Mette Fredriksen disse que as fugas “não eram um acidente”, mas que ainda não tinha informação sobre quem poderia estar na origem desta ação.

Já a primeira-ministra sueca Magdalena Andersson disse que os serviços de inteligências dos dois países concluíram tratar-se de um “ato deliberado”, uma “sabotagem”.

Estocolmo disse estar a monitorizar a situação muito seriamente, à luz da “atual situação de segurança na proximidade”, afirmou citada pela “Deutsche Welle”, referindo-se à invasão da Ucrânia pela Rússia.

Ex-ministro polaco acusa EUA

O ex-ministro polaco da Defesa (2005-2007) veio a público atribuir ao Governo dos Estados Unidos a sabotagem dos dois gasodutos.

“Obrigado, EUA”, escreveu Radek Sikorski nas redes sociais, agora deputado do Parlamento Europeu.

Mas esta declaração já foi atacada pelo Governo polaco, considerando que isto é “propaganda russa”, e que é uma “campanha de difamação contra a Polónia, EUA e Ucrânia, acusando o ocidente de agressão contra o NS1 e o NS2. Autenticar as mentiras russas neste momento coloca em risco a segurança da Polónia. Que ato de irresponsabilidade grosseira”, escreveu o secretário de Estado Stanislav Zaryn.

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