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Respostas rápidas: Rússia corta fornecimento de gás natural. O que está em causa?

A partir desta quarta-feira, a Bulgária e a Polónia deixam de receber gás russo. A Gazprom alega falta de pagamento em rublos, mas a decisão chega numa altura em que Sofia e Varsóvia se aproximavam diplomaticamente da Ucrânia.
  • Reuters
27 Abril 2022, 13h00

O que aconteceu para a Rússia suspender o fornecimento de gás natural à Bulgária e à Polónia?

A petrolífera estatal russa Gazprom fechou a ‘torneira’ à Bulgária esta quarta-feira, no mesmo dia em que o primeiro-ministro búlgaro tem previsto um encontro com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em Kiev. A empresa alega falta de pagamento, segundo a “Lusa”, mas o país dos Balcãs garante que “cumpriu plenamente com as suas obrigações e realizou todos os pagamentos requeridos ao abrigo deste acordo, de forma oportuna, rigorosa e em conformidade com as suas cláusulas”.

Também a Polónia vai ter o fornecimento de gás interrompido a partir desta quarta-feira, perante a recusa do país em fazer os pagamentos em rublos, como exige desde o final de março o presidente russo, Vladimir Putin, mas também na sequência das notícias de que a Polónia iria avançar com o pacote de sanções contra 50 entidades e indivíduos russos.

A União Europeia já reagiu?

A Comissão Europeia disse esta quarta-feira que está a preparar uma resposta à Rússia pelo corte no abastecimento de gás à Polónia e à Bulgária. “Esta é outra tentativa de a Rússia usar gás como um instrumento de chantagem. Isto é injustificado e inaceitável. Mais uma vez, mostra que não se pode confiar na Rússia como fornecedora de gás”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em comunicado.

Os países vão sentir na pele as consequências negativas desta decisão?

O Governo da Bulgária garantiu que não há motivo para a população ficar preocupada. “Esse cenário foi discutido em fevereiro e estamos prontos para reagir, há acordos para entregas alternativas, está tudo assegurado”, disse um porta-voz governamental citado pela “Efe”. Em conferência de imprensa, também o Governo Polaco garantiu ter reservas de gás suficientes para resistir à interrupção.

Em paralelo, a Comissão Europeia afirmou que se tem preparado para este cenário. “Temos estado a trabalhar para assegurar entregas alternativas e o melhor nível de armazenagem em toda a União Europeia”, afirmou von der Leyen, destacando que está a ter lugar um encontro do grupo de coordenação de gás.

“Estamos a preparar a nossa resposta conjunta ao nível da União Europeia. Vamos continuar a trabalhar com os parceiros internacionais para assegurar fluxos alternativos. E vou continuar a trabalhar com os líderes europeus e mundiais para assegurar a segurança de abastecimento de energia na Europa”, acrescentou.

A Bulgária e a Polónia são hostis à Rússia?

A Bulgária, membro da NATO e da UE, tem laços estreitos e históricos com a Rússia. O atual governo, dirigido pelo europeísta Kiril Petkov, foi impedido de enviar material militar à Ucrânia para apoiar o país no seguimento da invasão pela Rússia porque o Partido Socialista, herdeiro do antigo Partido Comunista e próximo da Rússia, ameaçou abandonar a coligação que sustenta o Executivo caso as entregas fossem feitas.

Por sua vez, a Polónia tem sido o principal recetor de refugiados ucranianos que fogem da invasão russa e, nos últimos dois meses, já expulsou dezenas de diplomatas russos com base em acusações de espionagem. No final de março, o país declarou a intenção de ser independente energeticamente do regime de Putin e apontou como meta o final deste ano para o fim da importação de petróleo daquele país e de carvão até ao final de maio.

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